O que não foi considerado.

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Em resposta à declaração de Haddad, prefeito de São Paulo, de que o custo da tarifa zero no transporte público da capital paulista seria de R$6 bilhões por ano, usuários das redes sociais criaram e compartilham a imagem acima, que afirma que a tarifa zero custaria muito menos por pessoa do que uma única passagem de ônibus por dia.

Mas tanto Haddad quanto os criadores da imagem acima esqueceram de considerar os custos indiretos de um transporte coletivo caro e os benefícios de uma possível tarifa zero:

  • Com tarifa zero, provavelmente muitas pessoas deixariam seu carro em casa, reduzindo congestionamentos e a necessidades de mais obras de infraestrutura, como abertura de ruas;
  • Menos pessoas dirigindo carros também significa menos acidentes de trânsito o que pouparia dinheiro da Saúde, visto que mais da metade dos atendimentos em setores de trauma em hospitais têm como causa acidentes de trânsito. E a saúde é responsabilidade do município, que economizaria dinheiro;
  • Menos carros nas ruas também significa menos poluição do ar. E a poluição do ar é das principais causas de doenças respiratórias em crianças e, possivelmente também em idosos. Isso também acarretaria em economia para o município;
  • Quem usa transporte coletivo também caminha mais que motoristas de automóveis particulares, o que também colabora para um aumento de saúde da população, principalmente relacionadas a doenças cardiovasculares, uma das principais causas de morte no Brasil moderno;
  • Ao termos mais pessoas caminhando, temos ruas mais movimentadas, inibindo o crime e aumentando a sensação de segurança da população. Tornando desnecessários muitos investimentos em “segurança”.

Um estudo da FGV apontou que o trânsito caótico de São Paulo causa um prejuízo econômico anual de R$50 bilhões por ano. Perto desta soma, os R$6 bilhões anuais da tarifa zero parecem um remédio barato.

Haddad acabou provando, sem querer, que tarifa zero não apenas é possível, mas que não sairá cara e trará benefícios a médio prazo que provavelmente superarão os custos iniciais.

Quem quiser lutar por tarifa zero, por espaços públicos, por democracia real e contra violência policial, está sendo organizado mais um protesto hoje, com concentração a partir das 18h, em frente à prefeitura municipal de Porto Alegre.

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41 respostas para O que não foi considerado.

  1. Felipe X disse:

    “O trânsito do maior núcleo econômico brasileiro tornou-se caótico, quase exasperador, e impõe um custo elevado, um prejuízo de R$ 50 bilhões por ano, mais do que o orçamento da Prefeitura de São Paulo para 2013, de R$ 42 bilhões. “. Fonte: FGV.

    http://www.mobilize.org.br/estudos/78/transito-de-sp-ja-causa-perdas-de-r-50-bi-por-ano.html

  2. Pablo disse:

    Sinceramente eu tenho medo do passe livre (ônibus de graça para todo mundo). Se assim for não saberíamos o repasse de dinheiro do governo e é possível que após alguns anos o custo do transporte público seja algo estratosférico e sem qualidade.

    Isso acontece com o Lixo hoje em dia… Precisamos de mecanismo bem sólidos para saber quanto está indo de dinheiro dos governos para as empresas de transporte público e se essas empresas não são de políticos ou de seus parentes.

    • heltonbiker disse:

      Faz sentido, mas me parece que nesse caso então o problema não seria o transporte ser ou não pago, mas sim se há ou não transparência e idoneidade no sistema de gestão de serviços públicos concedidos. São dois problemas diferentes, e o segundo é mais amplo do que uma questão de transporte público, e a solução do primeiro não depende da solução do segundo, embora se beneficie dela.

    • Ricardo disse:

      Pior é ter que dividir onibus com maloqueiro!

  3. virtu disse:

    Eu de inicio não colocaria o transporte público 100% de graça. Primeiro eu aumentaria os valores dos impostos incidentes (ICMS, IPI, IPVA) no uso de veículo particular e individual e reduziria na mesma proporção do aumento os impostos incidentes no uso de veículo particular.

    Após isto, não iria proibir o estacionamento nas vias públicas, mas iria aumentar o preço para que fosse muito caro estacionar o carro na via pública.

    Na sequência, diminuiria o valor dos impostos dos insumos utilizados nos veículos de transporte de massa e aumentaria estes para os particulares.

    A máxima seria: só vai ter carro quem pagar carro por este luxo.

    Por mais complicado que seja estes controles, o Estado tem capacidade, se não tem, trata de ter, é o que se espera de um funcionário público.

    Com o tempo a população iria migrar para o transporte público, pois o bolso foi atingido. Sem dizer que como o brasileiro é acomodado, ao fazer as mudanças acima um número bem inferior ao que hoje está protestando iria para a rua reinvindicar o retorno dos carros privados para a rua =D

    • Felipe X disse:

      Concordo com as iniciativas, mas adiciono uma: acabar com os cobradores. Sério, acho que o Brasil já passou da fase de ter que ter gente para isso.

    • Adriano disse:

      Tu fala como se ninguém pagasse nada para andar de carro, sendo que é muito diferente na prática o que ocorre. IPVA, preço dos automóveis, preço da gasolina, seguro e seguro obrigatório, pedágios…

      Amigão, não é complicando a vida de quem anda de carro que tu vai fazer as pessoas andar de ônibus. Faça um transporte decente, com horários, com limpeza, que não esteja sempre superlotado e com um mínimo de conforto, que abranja a região das pessoas, que, enfim, VALHA A PENA pegar, que elas irão usar. Não precisa usar medidas para onerar AINDA MAIS quem já tem um automóvel.

      Nunca valeu e nunca valerá a pena ir trabalhar de carro. Mesmo com o preço da atual passagem. Mas mesmo assim, as pessoas fogem do transporte público. Mesmo pagando o tripo, as vezes 4x do que iriam gastar indo de ônibus/trem. Sabe porque??????? Porque a tua medida, na verdade, iria só afetar o assalariado, quem ganha mal e mal consegue pagar as prestações do carro. Quem tem grana, paga e continua pagando. Não importa. E não vai adiantar nada no fim das contas.

      Já disse, tem que fazer um serviço sério, com as qualidades que mencionei, que naturalmente as pessoas vão usar. Agora, do jeito que está hoje, nem de graça meu amigo. Nem de graça.

      E me desculpe, quem acha que carro é luxo é porque vive no mundo da lua.

      Como é difícil para alguns tirar o “demonio carro” da mira do seu ódio mortal contra o sistema e pensar um pouco.

      • Felipe X disse:

        Isso aí Adriano, concordo contigo. Tem que parar de torrar dinheiro em viadutos pros carros e botar tudo em transporte público de qualidade. Com isso, o pessoal vai começar a usar transporte de massa e nem precisaremos estragar nossas cidades com estas obras.

      • Adriano disse:

        O meu conceito de “estragar” é bem diferente do teu, conviva com isso. Se não gostou, protesta 😉

        Ademais, se tu acha que tirar na marra um meio de transporte, sendo esse o mais caro de todos e opção por obrigação da grande maioria, sem antes qualificar os outros vai resolver a situação..bom, então meu caro, preciso que tu me explique como que funciona isso, porque não vejo lógica.

      • Felipe X disse:

        Eu não falei em momento algum em “tirar na marra um meio de transporte”, isso é uma falácia que sempre usas. Mas o dinheiro é finito, e para termos um “transporte decente, com horários, com limpeza, que não esteja sempre superlotado e com um mínimo de conforto, que abranja a região das pessoas, que, enfim, VALHA A PENA pegar” (tuas palavras) tem que INVESTIR. Para investir, visto que o dinheiro é finito, temos que investir menos em outros meios.

        Sobre estragar, é só olhar a literatura. Cidades que fizeram o que estamos fazendo tiveram perda de qualidade de vida, aumento da poluição e problemas de trânsito. Bizarro é esperar que vamos fazer o mesmo deles e ter outro resultado, ou ficar em negação.

      • Roberto disse:

        Creio que a ideia central do Adriano é:
        Em vez de encarecer mais ainda um meio de transporte sem o qual a cidade não funciona (carro, concorde ou não, é um fato), por que não tornar o outro meio, tão importante quanto, mais competitivo?
        A lógica de apenas encarecer a locomoção de carro é muito limitada, pois assim vamos ter 2 meios de transportes caros e sem qualidade.
        No meu estreito ponto de vista, creio que o transporte público, que é um serviço fundamental, não deveria visar o lucro e sim ser apenas custeado pelos usuários. Em outras palavras, um serviço totalmente público com tarifas estritamente para custear o serviço.
        Isso já deve ser suficiente pra muita gente deixar o carro em casa.

  4. Luiz Felipe disse:

    Va de bici hoje!

  5. Bagual disse:

    Excelente análise.
    A tarifa zero é totalmente viável e é uma política pública altamente distributiva.
    Para saber mais: http://www.tarifazero.org

  6. heltonbiker disse:

    Um passe livre de verdade, permanente, seria um perfeito precedente para que o Poder Público pudesse implementar (se quisesse, claro) todas as outras medidas que se alega serem “impossíveis” hoje: fechamento de ruas aos automóveis particulares, redução de estacionamento público gratuito, alargamento de calçadas graças ao estreitamento de ruas, criação de corredor de ônibus em praticamente todas as avenidas, traffic calming abundante… Porque ninguém poderia acusar essas medidas de serem “restrição ao direito de ir e vir”, já que esse direito estaria automaticamente preenchido pelo passe livre. Desde que também, claro, houvesse frequência, distribuição, lotação e pontualidade adequada em todas as linhas.

    • virtu disse:

      Helton, a frequência, distribuição, lotação e pontualidade adequada seria um reflexo da demanda.

      Hoje de manhã na Assis brasil, perto do viaduto da perimetral tinha a fila gigante de ônibus, congestionamento gigante de carros e todo o trânsito entroncado. Na Assis Brasil daria tranquilo para por VLTs que iriam transportar 3x mais pessoas que naquele momento estavam paradas.

      Sem dizer todos os outros benefícios de um VLT, um dos mais legais dele é o fato de poder usar terreno verde para eles passarem =)

  7. Luiz Felipe disse:

    O Fortunati é RIDÍCULO!
    Justo a ÚNICA obra (corredores de ônibus/ BRT) que melhoraria a vida do trabalhador, do estudante, do transporte público é retirada da urgência!!

    Que cidade queremos? que sociedade queremos?

    Queremos uma cidade onde as pessoas possam se deslocar com um tempo/tarifa digno, ou seja, sabendo quando vai demorar pra chegar o ônibus e manifestando por um preço real! E não me venha dizer, Fortunati, que a passagem pode baixar pra 2,80 com a retirada dos impostos municipais. Se com a retirada dos impostos federais ela JÁ DEVERIA BAIXAR PRA 2,75

    Queremos uma sociedade na qual as desigualdade geradas e mantidas pelo capitalismo que cerceia os direitos das pessoas seja diminuída. Pois só com dinheiro se pode sair de casa, só pagando, se pega ônibus.

    Inúmeras pessoas não têm como sair de casa pois vivem em guetos/periferias/favelas afastadas do centro (isso sem falar nas remoções da Copa – cancelem-nas!) Tais pessoas não dispõem de meio de acesso a cultura, espaços públicos, serviços públicos e acessíveis. ELAS NÃO TÊM DINHEIRO PARA PAGAR, NEM TEMPO PARA PERDER VENDO O PÔR DO SOL DO GUAÍBA!!!!! Têm que ralar o dia todo, literalmente!
    São pessoas que historicamente têm seus direitos escamoteados pelos detentores e direcionadores do poder. Estão tão excluídos que “não tem o que fazer”. Pois para trabalhar/estudar têm de pegar ônibus (caros, lotados, atrasados), ou seja, precisam de serviços públicos para, PAGANDO, ir e vir!

    Enquanto a mídia (RBS, e outros grandes “jornais”) ocultar as características, as ações, manifestações e apropriações dos movimentos sociais ficará evidente o seu desserviço prestado a população. Uma vez que, em vez de “dialogar com a sociedade” procuram evidenciar o desenrolar dos protestos. Se encobrem atrás, LITERALMENTE, da Brigada (fascista) para mostrar, desde dentro da Zero Hora e dos helicópteros, o que desejam e o que condiz com sua ideologia criminalizante, hegemônica e em defesa do status quo que a beneficia!

    Não mostrou nem mostrará que antes da Brigada proteger o símbolo máximo da mídia, a SEDE DA RBS NA AV. IPIRANGA, COM BOMBAS, BOMBAS, BOMBAS, GÁS, GÁS, CAVALOS, SABRES, ESCUDOS, não haviam nem 0,001% do que desencadeou tudo o que seguiu!

    Pq não cancela/adia o viaduto estaiado da Beira-Rio?

    • Julio disse:

      Nossa, eu queria quebrar a RBS, e a brigada fascista não deixou! Buá, buá, buá!

      • Marcelo disse:

        Meu deus, o cara faz um post decente, com questionamentos coerentes e tudo que tu tens a fazer é tentar ridicularizar ele. Tá tão difícil assim encontrar argumentos pelo que tu acreditas?

  8. virtu disse:

    “O prefeito Fernando Haddad afirmou ser a favor do financiamento do transporte público por quem usa o transporte individual, com arrecadação por meio de pedágio urbano. “Às vezes precisamos tomar decisões mais ousadas”, disse. O prefeito acredita que a sobretaxar veículos privados “dialoga também com a questão ambiental”.”

    Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1297047-quem-deveria-financiar-o-transporte-publico-e-quem-anda-de-carro-diz-haddad.shtml

    Pedágio urbano mesmo… quer andar de carro, pague… e pague caro por favor.

    • fabio disse:

      Eu trabalho em quatro lugares, as vezes tenho que sair de um, e já estou atrasado para o seguinte. Não ando de transporte público, porque demoram demais. Qual a solução? Onerar o meu transporte? Acho que não. Minha cidade (Florianópolis) não tem metro, não tem corredor de onibus, não tem lancha, não tem metro de superfície, e os onibus são terrivel mente demorados. A culpa é minha? Devo pagar mais porque ando de carro?

  9. Senhor X disse:

    6 bilhões é barato?

  10. Aldo M. disse:

    Quanto custa para a prefeitura a atual tarifa zero para os automóveis? Sim, porque quase toda a malha viária destina-se ao deslocamento e estacionamento de veículos particulares, mas é custeada com os impostos de todos, e na maioria são pessoas que nem usam carro.

    • Adriano disse:

      Ingenuidade ou má-fé? Só pra refrescar a tua memória, pagar IPVA e licenciamento anuais é custo zero agora? Fora os impostos indiretos (gasolina, por exemplo).

      Usando a tua lógica distorcida, o IPTU é pago para todos, mas eu não uso ciclovias, não deveria ser revisto isso também??

      • Felipe X disse:

        O que tenho certeza é que o IPVA tem caráter fiscal apenas, não tem qualquer atrelamento com investimentos viários. Eu também tenho certeza que o imposto é estadual. Não tenho certeza se alguma parte dele vai para os municípios, vai? Ou é má-fé o comentário?

        O IPTU é inteiramente municipal e deve ser usado para qualquer gasto, não concordo com a atual priorização do transporte particular.

        Honestamente acho que o que devia ser mais amplamente tarifado é o uso de estacionamento em via pública, não o uso das vias em si.

      • Adriano disse:

        Parte do IPVA vai sim para os municípios, uma parte bem gorda aliás, 50%, conforme previsto na CF/88.

        Art. 158. Pertencem aos Municípios:

        III – cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus territórios;

      • Felipe X disse:

        Fico feliz que os municípios recebem, eu acho que 70% dos impostos deviam ficar com eles e não com o governo federal. Mas não muda o fato do imposto não ser atrelado a qualquer fim.

      • Felipe X disse:

        Mas enfim, obrigado pela informação 😉

      • Aldo M. disse:

        Aloô, Adriano! Presta atenção! Eu disse TARIFA, e não imposto, como já explicou o Felipe.
        A questão é: por que se paga tarifa de ônibus e não se paga tarifa para utilizar uma malha viária feita especialmente para os automóveis?
        Lembro que desde o ano passado, já há legislação federal que permite às prefeituras cobrar a utilização das ruas por veículos automotores.
        Há várias formas simples de implementar o pedágio urbano, por exemplo, com taxação da gasolina (e como é taxa e não imposto, a destinação é específica para melhorias no transporte)
        Isto beneficiaria inclusive os motoristas por reduzir os congestionamentos. Mas sei que muitos cabeças-duras irão preferir ficar presos no trânsito a ajudar a pagar a passagem de ônibus dos outros.

      • Adriano disse:

        Amigo, se paga tarifa para usar ônibus exatamente porque não se paga um “imposto” para financiar o sistema de transporte público como ocorre com proprietários de automóveis.

      • Aldo M. disse:

        Adriano, toda a infra-estrutura de transporte coletivo é custeada por impostos, que não entram no cálculo da tarifa. Isto fica mais pronunciado no caso dos BRTs, com pistas dedicadas de concreto, paradas de ônibus com ar-condicionado, sistema de gerenciamento do fluxo integrado aos semáforos e sistema de cobrança que ficará fora dos ônibus. As empresas disponibilizarão apenas ônibus e motoristas. Neste sistema, o passageiro paga tarifa e impostos.

        É flagrante, portanto, a injustiça de construir com recursos públicos uma malha rodoviária ESPECÍFICA para veículos automotores de transporte individual e ainda disponibilizá-la gratuitamente, ou seja, sem cobrar diretamente dos seus usuários. Isso sem falar de que o espaço para os automóveis foi tomado de toda a comunidade.

        Coisas do Brasil, onde os mais pobres pagam relativamente aos seus rendimentos mais impostos que os ricos e estes são os que mais usufruem das benesses do governo.

      • Julio disse:

        Amiguinho, a malha não foi feita especificamente para veículos automotores, foi feita para todos os veículos, no curso do desenvolvimento das cidades, lá atrás, bem antes de tu nasceres. A casa/apartamento onde tu moras só existe porque foi construída uma rua. Poderíamos demonizar também a propriedade individual, que foi destruindo a mata virgem. Poderíamos estar morando em tribos no meio do mato.
        Carros já pagam impostos, IPVA, justamente para poderem circular, e inclusive independente de. Isso sem falar em todos os impostos inclusos na fabricação deles, que pagam a infraestrutura de todo mundo, usuário ou não.
        Ademais, quem realmente paga o transporte coletivo são as empresas, que custeiam o vale transporte, não é o usuário, que só contribui com 6%!
        Os protestos dos últimos dias tiveram base o fato de que as pessoas não aguentam mais serem taxadas de tudo, sem contraprestação adequada de serviço público. E o que tu queres é justamente taxar mais ainda a classe média que se locomove de carro? Que precisa sair do serviço, ir buscar criança no colégio, ir para casa e voltar ao serviço? Que já paga a escola particular que o estado não disponibiliza, o plano de saúde e a previdência privada? Tudo isso porque o cara é medianamente bem sucedido na vida? Por que ganha a fortuna de 5 ou 6 mil reais por mês?
        Investe em transporte coletivo de qualidade, em trem, que as pessoas deixam o carro em casa. Sem isso, é masoquismo, burrice ou falta de dinheiro mesmo. Como diz o filme, “constrói, que eles virão.”
        O uso do carro é consequência, não causa do problema de trânsito. Consequência de cidades mal construídas e pensadas, da falta de investimento em trens principalmente, que poupam tempo.
        Vocês têm que parar com essa demonização do carro, abrir um pouquiinho essa cabeça, parar de impor seu pensamento e sim conquistar apoio dos motoristas. Em suma, deixar de ser xiita.
        Quanto ao espaço tomado da comunidade, melhor nem comentar uma bizarrice dessas.

      • Marcelo disse:

        Caro Júlio,
        Com base em quê tu afirmas o motivo das pessoas terem saído às ruas é “não agüentarem mais ser taxadas”? O levante foi contra a tarifa de ônibus, que afeta no direito de ir e vir, e não contra os impostos em geral. Afinal, são os impostos inclusive que devem custear o passe livre, umas das principais demandas do movimento.

        O importante é que esses impostos sejam progressivos, onde os ricos paguem mais que os pobres, como já acontece com alguns impostos.

        Em segundo lugar, tu não pagas IPVA para poder circular com teu carro. Tu pagas IPVA para poder TER um carro. Se não sabes, IPVA é sigla de Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor, ou seja, deves pagá-lo não importando se sais no teu carro uma vez por mês ou três vezes ao dia. Não existe nenhuma taxa sobre a circulação de veículos, o que acarreta em grandes danos à cidade (degradação ambiental) e às pessoas (atropelamentos e problemas de saúde resultantes da poluição). Por isso, o uso do automóvel deve ser altamente taxado, pois toda a sociedade paga para que alguns possam usar seus automóveis, é preciso então que a sociedade seja compensada à altura. E uma taxa sobre a circulação de automóveis particulares cairia muito bem, pois além de arrecadas impostos importantes para o funcionamento dos serviços públicos, desincentiva o uso indiscriminado dos automóveis, poupando a cidade e a saúde de seus habitantes.

      • Aldo M. disse:

        Júlio, em primeiro lugar, não sou teu “amiguinho”, ok?

        Quando constroem avenidas com mais de uma faixa por sentido, todas além da primeira são ESPECÍFICAS para automóveis. Na Loureiro da Silva, por exemplo, há até cinco faixas por sentido: uma para estacionamento de automóveis, uma em que os ônibus circulam compartilhadamente com os automóveis e mais três para trânsito de automóveis. Entendes o que eu quero dizer?

        Espero que finalmente tenhas entendido o propósito dos impostos, como muito bem explicou o Marcelo. Em resumo, os impostos não nos dão direito de usufruir coisa alguma, gostemos ou não.

        Depois, colocaste um monte de palavras na minha boca e não vou nem levar em consideração.

        Só para constar, eu faço mais de 90 % dos meus deslocamentos em automóvel e mesmo assim fico indignado com a forma como estão investindo o dinheiro que pago em impostos. Não exijo nada, apenas que cumpram as leis. E elas determinam que os entes públicos priorizem o transporte público, a pé e de bicicleta. Então investir em infraestrutura para automóveis antes de atender às prioridades é mau uso dos recursos públicos. Neste caso, eles deveriam ser restituídos ao estado pelos governantes que os desviaram, assim como estes deveriam ser condenados e presos para servirem de exemplo.

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