Médicos argumentam contra a obrigatoriedade do uso de capacetes

fonte: http://www.adventure-journal.com/2012/03/doctors-argue-against-mandatory-bike-helmet-laws/

Uma lei para tornar obrigatório o uso do capacete para ciclistas está em análise no Parlamento Britânico, e dois médicos estão argumentando contra a idéia. Sua opinião é que simplesmente não há evidências suficientes para sustentar a hipótese de que o uso de capacete salva vidas, e que a evidência que existe é, na melhor das hipóteses, contraditória.

Mas eles também apresentam alguns convincentes argumentos morais contra a obrigatoriedade do capacete para os ciclistas – e, também, para esquiadores, remadores, e até mesmo pedestres.

Os autores, Carwyn Hooper e John Spicer, da Universidade de Londres, reconhecem que suas idéias não são convencionais (a British Medical Association apoia a aprovação da lei, por exemplo), mas eles explicam o que eles acham que é uma falha na lógica da BMA: dizer que os capacetes de bicicleta protegem bem as pessoas quando caem da bicicleta para o pavimento (todos os testes padrão de capacetes de bicicleta são quedas, onde um capacete cai de cerca da altura do ombro de uma pessoa em uma bigorna plana). Mas os capacetes não são resistentes o suficiente para proteger contra lesões ao cérebro e ao crânio causadas pelo impacto com um carro ou voando para fora da bicicleta para a frente ou para trás como os capacetes de moto fazem. (Eles são a favor do uso obrigatório do capacete para motocicletas porque eles dizem que existem evidências claras de que isso reduz mortes e ferimentos).

Como prova de que usar um capacete de ciclista pode não ajudar em nada, Hooper e Spicer se referem a um pesquisa australiana de 1990 que mostra que 80 por cento de ciclistas mortos ou feridos graves estavam usando capacetes no momento do acidente.

Enquanto os documentos também indicam que os motoristas tiram mais finos de quem usa o capacete, talvez, usar um capacete de segurança entorpeça os ciclistas para os perigos ao seu redor, eles também deixam claro que há argumentos econômicos, bem como sociais, contra o “Estado babá” que são dignos de debate.

Por exemplo, há a idéia de que a obrigatoriedade do uso de capacete reduz o número de pessoas que usa a bicicleta e que você nunca vai conseguir que o nível de ciclismo da Inglaterra chegue no mesmo nível, ou até mesmo próximo, da Holanda ou Dinamarca (nenhum dos quais obriga o uso de capacete) se for adicionado ainda outro impedimento para pedalar. Claro que se isso fosse a única razão impedir o aumento do número de ciclistas nos EUA, onde as nossas leis de capacete variam de estado para estado e geralmente incluem apenas as crianças, teríamos muito mais ciclistas do que temos agora.

Então, talvez o seu mais forte argumento contra as leis do capacete obrigatório é aquele que deve entrar em ressonância com a maioria das pessoas aventureiras: que deveríamos ter o direito ao risco. Sim, isso parece um paradoxo. E ambos os médicos reconhecem que quando se trata de crianças, que não podem exercer julgamento, devemos impor determinados comportamentos.

Mas eles dizem que o risco está intimamente conectado à autonomia e que a obrigatoriedade do uso de capacetes em uma esfera da vida considerada de risco pode levar a mandatos para proteção em todos os tipos de atividades, desde escalada ao esqui. Pode, argumentam eles, até mesmo levar à proibição de comportamentos que, estatisticamente falando, nunca são realmente tão perigosos quanto não-participantes podem acreditar, uma vez que, por exemplo, aplinismo pode parecer suicídio para quem vive sentado no sofá, mas morrer por um ataque cardíaco é muito mais  comum do que os riscos que correm praticamente todos atletas outdoor.

Então, eles estão, em essência, argumentando que o risco é essencial ao ser humano, e você não pode proibir isso.

Talvez por isso tanto o primeiro-ministro da Inglaterra, David Cameron, e o prefeito de Londres, Boris Johnson, andam de bicicleta sem capacete: Eles querem um pouco de aventura, assim como o resto de nós.

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15 respostas para Médicos argumentam contra a obrigatoriedade do uso de capacetes

  1. Olavo Ludwig disse:

    Já dei minha opinião sobre este assunto em outras oportunidades aqui, mas vale reforçar.

    Eu sou contra a obrigatoriedade, mas uso e aconselho o uso, em duas quedas que tive se não estivesse de capacete teria no mínimo lascado a cabeça.

  2. vigario disse:

    Bem comecei a usar capacete depois de sofrer um acidente, no qual eu voei da bicicleta, e bati a cabeça no carro , se eu estivesse de capacete provavelmente eu não teria me machucado na cabeça, fiz uso da cabeça defendi a bicicleta kk hoje eu uso o dito cujo e até gosto.

  3. Fernando Pavão disse:

    Tem alguns estudos na Nova Zelândia e na Austrália se não me engano – países onde capacete é obrigatório – que mostram como caiu o número de ciclistas depois da lei. E as mortes por ciclista contiuaram as mesmas.

    Uso capacete mas não acredito tanto na eficácia dele.

    Outro link interessante: http://www.cyclehelmets.org/1209.html

    Diz aí que pro capacete funcionar mesmo, o isopor tem que ser comprimido. Então quando o capacete racha no meio mas não comprime em uma queda, quer dizer que ele não te protegeu nada. Não sei se é verdade…

  4. Claudio disse:

    Concordo com o Olavo e o Vigario. Acho que o uso do capacete deve ser incentivado mas nao obrigatório. Por experiencia própria e de ver outros acidentes tenho convicçao da importancia dele. E acho estranho que algumas pessoas fazem campanha contra. Pela pratica pessoal discordo do paragrafo que fala sobre finas e entorpecimento. Ou seja, a questao do post é a obrigatoriedade, pois sou contra ela, com a ressalva de recomendar o uso. Abraço aos mesmos acima, e demais. Ass Claudio.

    • heltonbiker disse:

      Tenho visto as pessoas fazendo campanha mais contra a OBRIGATORIEDADE do que contra o uso propriamente dito.
      Já fui/vi passeios em que as pessoas que estavam sem capacete sofriam praticamente um assédio por parte das outras, sendo que nem ao menos é um item obrigatório, e com certeza não é o elemento mais importante para a segurança do ciclista (os mais importantes são bom-senso, estado de alerta e controle da bicicleta, e isso ninguém cobra mesmo diante de absurdos de pica-pauzice que vemos por aí).

  5. Também sou da opinião que o capacete tem que ser incentivado, mas não obrigatório.

  6. giovani arigony irigaray disse:

    sou da seguinte opiniao o capacete tem ser usado,mas nao obrigatorio ,mas serve para melhor visualizar o ciclista,eu uso

  7. nhortifolio disse:

    Campanha “Use o maldito (ver talvez outro adjetivo) capacete”

    Use o maldito capacete: Onde mais tu vai poder fixar aquele espelhinho retrovisor esquisito?
    Use o maldito capacete: Afinal, se vierem te assaltar, tu pode reagir a cabeçadas!
    Use o maldito capacete: Se tu tá com aquela roupinha colada, cheio de cor chamativa que mal vai fazer ao teu “look” um capacete, pelo amor de Deeeeeus!
    Use o maldito capacete: Na sala de aula, as mina pira nos cicloativista, talado véi?

    Qualquer um desses motivos é bom pra usar o capacete. Usar por que é obrigatório é repugnante.

    Abraço a todos.

  8. Eduardo disse:

    O capacete “de bicicleta” protege contra lesões cervicais?
    Melhor evitar as quedas com pneus de boa qualidade e em bom estado, calibragem correta e aferida antes de cada uso, utilização de luvas, “handling skills” e mta quilometragem de prática.
    O capacete só deve ser usado se vc for cair.

  9. Aldo M. disse:

    Não uso o capacete por comodidade, porém fico com medo de machucar a cabeça caso seja atropelado ou caia.

    Ei! Então quer dizer que, se eu usasse capacete, teria menos medo! Será que isto é bom?

  10. Daniel disse:

    Aerodinânimca!

  11. Felipe Koch disse:

    Uso por visibilidade (creio que transmite seriedade no trânsito insano atual), até pq tenho uma luz traseira grudada nele. Permanentemente acessa, dia e noite.

  12. Se o capacete aumentar em 1% a chance de sobreviver a uma queda ou acidente, já é razão suficiente pra se usar…

    • Marcelo disse:

      Não se ele passar a impressão de que pedalar é um ato perigoso. Pq na verdade o que é perigoso de verdade é o automóvel e daí vais estar estimulando as pessoas a continuar andando de carro. No fim das contas vai morrer mais gente.

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