Modelo Japonês.

Aqui muito já se postou sobre o desenvolvimento do ciclismo na Europa: Vídeos da Holanda e da Dinamarca.

Nos países europeus predomina o conceito das ciclovias – boas infraestruturas para amparar o ciclismo com segurança.

Agora, estive vendo por aqui uma nova realidade que eu não conhecia, nunca fui ao Japão, mas achei interessante de compartilhar com os amigos, para divulgar e fazer um questionamento de modelos diferentes.

Como há diferenças culturais e urbanísticas, temos que ter a consciência que há diversidade de modelos de desenvolvimento do ciclismo e não quer dizer que vamos seguir o modelo europeu ao pé da letra.

Na verdade vamos ter de desenvolver o nosso modelo brasileiro e portoalegrense.

Para quem entende inglês há dois links interessantes:

http://www.copenhagenize.com/2011/12/dont-forget-japan.html

http://www.tokyobybike.com/2012/01/what-makes-japan-great-cycling-nation.html

Em suma, o que se considera é que no Japão sim há falta de espaço, em muitas ruas as calçadas e o espaço dos carros também  são estreitos.

O que se observa é que há grande tolerância com a bicicleta, que anda na calçada ou na rua sem problema.

Não há rigor de leis para o ciclismo, se pedala com grande liberdade e casualidade.

É um  modelo bem interessante para estudar.

Outro modelo bem diferente que tive um contato indireto é o tráfego indiano, pois meu irmão foi para Índia uns meses atrás e a primeira mensagem que me mandou é que iria morrer atropelado que o tráfego é insano.

Acontece que alguns dias depois ele me disse que estava pedalando direto por toda a cidade é que é bem tranquilo, é uma questão tão somente de respeito e comunicação.

Pois não há ciclovia, em muitos casos não há também calçada, em geral não há sinais de trânsito nem faixas definidas.

Bom para a controvérsia!!

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42 respostas para Modelo Japonês.

  1. lobodopampa disse:

    Legal Ayres, tbém acho salutar buscar inspiração em diversas culturas. Contexto é fundamental.

    O livro “Trânsito – por que dirigimos assim” tem um capítulo inteiramente dedicado a isso, ao “sotaque” do trânsito.

    Achei engraçada a primeira frase do blog Copenhagenize:

    “For all the talk of Denmark and the Netherlands, many German cities and the rising stars of Bicycle Culture 2.0 like France, Japan is so often left out of the equation”

    …pois ao que me parece, esse blog é o grande responsável pela “venda” do conceito dinamarquês como algo que deveria ser imitado ipsis literis por todas as cidades do mundo, independente de contexto histórico, cultural, econômico, urbanístico, etc.

    De qualquer forma é salutar que o Copenhagenize desça um pouco do salto alto.

    O Extremo Oriente tem muito a nos ensinar.

    Por outro lado, 5000 anos de história não se adquirem a não ser

    …em 5000 anos. 😉

    • airesbecker disse:

      Estes 5000 anos de historia são patrimônio da humanidade, qualquer pessoa pode dispor deles se tiver consciência.
      Veja o Iraque é milenar e há ódio religioso, nada para copiar.
      Já a Escandinávia, o Canadá, a Austrália, a Nova Zelândia e outros, são bem mais novos e super civilizados.
      Não podemos esperar 5.000 anos para melhorar.

      • lobodopampa disse:

        Sim, concordo, é patrimônio da humanidade. Mas não se compra em famácia, não é algo simples de copiar.

        A comparação não me parece adequada. A cultura islâmica – mesmo a melhor parte dela, aquela que um dia fertilizou a Europa, ensinou aos (então ignorantes) nativos matemática, medicina, e filosofia grega (Aristóteles foi traduzido para o árabe muito antes do latim), tem menos anos do que a civilização greco-romana e tbém menos do que a judaico-cristã.

        E a cultura islâmica dominante hoje, esta que propaga o ódio religioso, a fundamentalista, é algo bem mais recente.

        Indianos e chineses já tinham civilização e filosofia (nos seus próprios termos) quando os escandinavos ainda eram mais ou menos uns trogloditas.

        Civilizações sobem e caem – tudo é transitório.

        Mas será que não fica alguma coisa? Será que os chineses conseguirem admnistrar um país árido com um bilhão e lá vai pedrada de seres humanos, em relativa paz, não tem um pouco a ver com milênios de filosofia ética e estudo da organização social?

        Por que na Escandinávia precisa ciclovia e no Extremo Oriente não precisa?

        Perguntas e mais perguntas…

  2. lobodopampa disse:

    De um ponto de vista brasileiro, o trânsito “insano” de Delhi me parece a coisa mais normal do mundo hehehe – quem dera aqui tivesséssemos riquixás tbém…

    Mas no livro “Trânsito…”, Vanderbilt diz que estrangeiros de passagem por Delhi são desaconselhados a tentar conduzir automóvel, devido à complexidade das “peculiaridades” do sotaque local…

  3. Beto Flach disse:

    Achei muito interessantes os vídeos. Uma coisa que chamou a atenção: à excessão dos ciclistas na competição e do cara daquela bicicleta reclinada (não sei se é assim que se diz), alguém mais estava usando capacete?

    • airesbecker disse:

      Não, em geral não se usa capacete, assim como na Holanda e na Dinamarca também não.
      É que o ciclismo e uma atividade muito segura!

      Perigosos são só os carros. Mas estes não são perigosos só para os ciclistas, quem mais morre são os próprios passageiros dos veículos e os pedestres.
      Existe uma campanha baseada em dados estatísticos que defende que pedestres devem passar a usar capacetes.

      A insegurança do ciclismo é um conceito bem político, assim como a normatização.

      Estas frases tão ditas por aqui:
      “Ciclista tem que andar na Lei.”
      “Ciclista tem que usar equipamento de segurança para se fazer respeitar.”

      São exigências restritivas infundadas.

  4. joseantonioreimunde disse:

    Gostei de todas estas experiências. Mas me digam sinceramente a semelhança em todos estes paises é que as leis são cumpridas com muito rigor. Alguns anos atrás um Engenheiro gaúcho que trabalha na fábrica da GM na China me falou que ele nem pensou nunca em dirigir o carro por lá, porque a lei em caso de acidente de trânsito é rigorosa demais e a GM pedia para que fossem contratados motoristas chineses para dirigir os carros dos funcionários e dependentes. Nos Estados Unidos meu genro mês passado passou um aperto grande por ter convertido em local permitido, sem olhar primeiro, sentiram o rigor sem olhar primeiro quer dizer que tinha um policial e viu ele converter sem olhar, o parou e o multou sem choro e ainda falou, “no seu pais o senhor faz o quiser aqui o senhor respeita a lei e ponto” ou seja o rigor e muito grande.
    Estamos a um ano de um atropelamento de 17 pessoas sem concluir nada condenatório para o atropelador, ok concordo com todas as liberdades, com todas as garantias e com o respeito absoluto à lei mas um ano para um individuo que fez o que fez denota algo errado que tem que ser consertado urgentemente. Me parece, não sei com certeza que nos falta demonstrar o amor que temos pela vida, na forma da Lei ou seja leis mais rigorosas para todo e qualquer atentado à vida. Desta forma os acidentes de trânsito iriam diminuir porque todo e qualquer cidadão estaria sob a mira da Lei quando o cometimento de qualquer irregularidade que pudesse custar a vida de qualquer pessoa.
    Bom não sou advogado e nosso caro Aires é e sabe o que deveria ser feito, mas como cidadão vejo que as Leis são muito leves quando existem atentados à vida permitindo que se jogue uma roleta russa com a vida própria e dos outros no trânsito.
    Por isto que estamos lutando por ciclovias porque ficar com nossa vida na mãos de outrem quando transitamos pela rua e um risco muito grande, já que dirigem normalmente pessoas alcoolizadas, drogadas e pessoas muito mal preparadas para dirigir. Esta dito isto pelo número de carteiras suspensas no estado e pela s multas de trânsito que no ano passado na Cidade de Porto Alegre quase 600.000 multas.
    Ainda vamos fazer um exercício de imaginação? 600.000 multas a um valor promedial de 80 reais(convenhamos que é bem pouquinho), perfazem um total de 48.000.000 dos quais a prefeitura deve investir 20% ou seja 9.600.000 reais.
    Bela soma para construir ciclovias, desde que não seja na beira de precipícios ou em pântanos ou até dentro de rios que certamente este valor construirá somente 1 kilometro de ciclovia. Saúde e parabéns pelo post como sempre o Aires impecável.

    • lobodopampa disse:

      Martinez, tem muito mito sobre o rigor da lei em outros países que nós às vezes idealizamos um pouco.

      Na Índia não me parece que exista rigor nesse sentido, o que existe é uma mentalidade que favoresse a coexistência (me parece).

      A China creio que seja um pouco mais rigorosa, mas não é tudo isso que você está pensando.

      O Japão sim, tem uma cultura de rigor e organização que permeia tudo e todos.

      Eu não conheço os EUA então não posso dar opinião, só impressões. Uma coisa é a justiça norte-americana DOS FILMES, outra é a real.

      Conheço muitos fóruns de ciclismo de língua inglesa, onde predominam norte-americanos, e já vi um sem-número de relatos de incidentes violentos, envolvendo motoristas por vezes evidentemente mal-intencionados, outras vezes “apenas” irresponsáveis ou incompententes.

      “Acidentes” causados por motoristas teclando no celular são uma verdadeira epidemia, que mata e desabilita muita gente, e mesmo assim só aos poucos os Estados (que têm autonomia legal) estão fazendo leis proibindo dirigir e falar/teclar ao mesmo tempo.

      Muitas vezes os motoristas se safam apenas com multa, sem processo criminal nem civil, mesmo em incidentes com morte.

      Segundo Vanderbilt (de novo, me desculpem…) a sociedade norte-americana já chegou ao ponto em que se tornou inaceitável dirigir embriagado. Se o cara causa um acidente e está bêbado, aí sim, a encrenca é grande. Mas se ele causar o mesmo acidente (digamos, por excesso de velocidade) e estiver sóbrio, as conseqüências são bem menores (provavelmente apenas multa). Como se não estar bêbado fosse uma boa desculpa!

      • Artur não adianta tentar pensar que a severidade das leis no mundo são iguais ao que nos estamos sofrendo no Brasil. Desculpa nos sofremos um vietnã por ano so em mortes em acidentes de trânsito e isto poucos paises no mundo tem. O nosso caso é serio e se não tivermos uma virada e impossível pensar em transitar junto aos motoristas com simples bicicletas. Segundo teu autor, de fe em Deus e pé na tábua o nosso problema nas ruas é uma guerra de clases sociais. E agora José? Saúde

      • lobodopampa disse:

        oi Martinez

        desculpa te contradizer (de novo), mas isso é algo que não me pesa porque sei que não me levarás a mal.

        No Brasil morrem 19,9 pessoas por 100.000 habitantes por ano em acidentes de trânsito.

        Nos EUA morrem 12,3. É melhor que o Brasil, mas está MUITO longe da Europa: Alemanha 4,5 Itália 8,7 Holanda 4,1 Espanha 6,9 Suécia 2,9 (!!!)

        Se pegarmos o número por 100.000 veículos por ano, o Brasil fica numa posição ainda pior, e os EUA, um pouco melhor.

        (Aliás o Uruguay quase empata com os EUA, parabéns hermanos da Banda Oriental!)

        Em números absolutos, nos EUA tbém morre quase um Vietnã por ano: mais de 33.000 pessoas. No Brasil “apenas” um pouco pior: mais de 37.000.

        Na China são 16,5 por 100.000 pessoas, mas 445 (!!!) por 100.000 carros.

        No Japão são 3,85 por 100.000 pessoas – melhor que a média dos países mais desenvolvidos da Europa.

        Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_traffic-related_death_rate

        “Não acredito em nenhuma estatística que não tenha sido falsificada por… mim.”

        provérbio alemão…

      • lobodopampa disse:

        É muito engraçado o jeito que sou citado neste blog. Volta e meia sobra pra mim umas coisas que vêm não sei de onde.

        Eu nunca li “Fé em Deus e Pé na Tábua!”, nem sei de cabeça quem é o autor hehehe…

  5. airesbecker disse:

    Obrigado!

    Sobre o rigor da Lei:
    Tenho minhas dúvidas?
    Acho que uma consciência de respeito pode ser atingida por evolução cultural.
    Não há punição para comer carne e muitas pessoas atingem consciência de não consumir animais.
    Muitas pessoas estão se tornando menos violentas a mais gentis no trânsito.
    Acho que Lei só é importante para pessoas com problemas, para quem precisa, como exceção.
    Pois em geral temos que ser melhores do que a Lei obriga.

    Eu concordo que aqui, infelizmente dentro de nossa cultura de violência, medo e conflito temos necessidade de segregação, por isto sou a favor das ciclovias.

    Sobre o valor das multas, vamos acompanhar o inquérito que temos no Ministério Público sobre este tema, assim como o tema da condenação do Ricardo Neis.

    Abraço.

    • lobodopampa disse:

      A Finlândia tem um sistema único de cálculo do valor das multas. Elas são proporcionais à renda do infrator!

      Assim, já aconteceu um grande magnata ter que pagar uma multa de mais de 70.000 dólares por uma “simples” infração de excesso de velocidade.

      Isso traz justiça social. Para um milionário, pagar uma multa de 500 reais ou mesmo uma fiança não faz nem cosquinha. Pra um pé-rapado pode significar ficar sem comer.

    • Marcelo disse:

      Falando em Neis, Aires, como nos informamos sobre o andamento do processo?

      • Aldo M. disse:

        O que sei é que o processo parece ter sido muito bem montado. São 17 acusações de homicídio triplamente qualificadas. Se for condenado em todas, receberá uma pena que totalizará alguns séculos. Ainda que a pena máxima no Brasil seja de 30 anos, uma condenação assim faria com que fosse impossível progredir na pena para um regime semi-aberto, por exemplo, pois nunca chegaria a cumprir uma fração da pena total que permitisse uma progressão da pena (não sei se estou utilizando os termos jurídicos certos).

  6. Claudio disse:

    A Finlandia é ótima pois é a terra da Tarja Turunem. E o Japao é bom mas é inconcebivel que de toda a cultura e modernismo ainda cacem baleias, bem como a Noruega. Ou seja, muitos paises tem bons e maus exemplos em varios campos de atividade.

    • Marcelo disse:

      Fora que o Japão é uma terra com excesso de disciplina.

      As pressões sociais são muito elevadas e a espontaneidade torna-se difícil, por estes e outros motivos dizem que há uma taxa de suicídio elevada.

      • Depois que vi a matéria sobre o modelo japonês, agora há pouco, tenho que pensar diferente a respeito do “excesso de disciplina” no Japão.
        http://www.tokyobybike.com/2012/01/what-makes-japan-great-cycling-nation.html
        A questão da maneira como se trata o jeito de andar de bicicleta lá me faz pensar que não sou o único que pensa que a aplicação da lei deve servir à sua necessidade e não ser aplicada cegamente, pois não raro assim perde seu sentido. Vejo muito isso quando me deparo com leis que privilegiam o fluxo rápido dos automotores nas vias em detrimento de ciclistas e pedestres.
        Eu minhas bikes continuaremos “japoneses”…

  7. Aldo M. disse:

    É sempre bom conhecer exemplos de diversas culturas. É bem provável se encontre mais rapidamenteao “nosso” modelo, que contaria com elementos de muitas delas e também, espera-se, com soluções próprias. Particularmente, eu torço para um modelo com um mínimo de regras, facilmente compreendidas e aceitas pelas pessoas, sem muita necessidade de coação. Até os alemães estão se dando conta disto e experimentando suprimir toda a sinalização de trânsito em alguns centros urbanos.

    O mesmo vale para a infra-estrutura cicloviária, que deve ser mínima, procurando-se sempre alternativas que a dispensem, como, por exemplo, reduzir a velocidade dos automóveis.

    Notem que, na índia, a característica mais marcante não é tanto a desorganização, mas a baixa velocidade de todos os veículos. Mas propor isto aqui não é tarefa fácil, porque atrapalharia a venda dos automóveis ao impedir que atinjam maiores velocidades, já que as pessoas confundem esta característica com menor tempo de deslocamento.

    Mesmo com o atropelador em massa ainda à solta, o fato dele estar sendo processado deve estar influenciando o modo de dirigir de muitos motoristas aqui em Porto Alegre. Este seria um ponto importante de se ressaltar e divulgar: casos em que motoristas foram punidos em acidentes de trânsito. Eles existem e são muitos. Só que a grande imprensa noticia apenas as situações de impunidade. Quando há uma condenação, isto recebe um mínimo de divulgação ou mesmo nenhuma.

    • Miague disse:

      Boa colocação, Aldo. Eu já tinha ouvido falar do exemplo europeu de suprimir sinalização e ficava imaginando como seria… Não precisei ir muito longe pra, então, observar um fenômeno semelhante pessoalmente.
      Cachoeira do sul, logo ali, duas horas, tem um sistema diferente. Lá não se tem, quase nunca, a noção de quem é a preferencial e são pouquíssimos semáforos pela cidade, boa parte das ruas tem uma boa largura e em todas as esquinas existem passagens de pedestres.
      Consequência disso: os motoristas são obrigados a andar mais devagar. Os que andam com o pé mais embaixo, mesmo assim, tem que desacelerar a cada esquina. E os pedestres passam a usar efetivamente as passagens de pedestres.
      Foi essa a impressão que tive.

      abraço

  8. Miague disse:

    Ótimo post do Aires, não só por serem novidades pra mim, mas também por serem Importantíssimos “cases” para debater sobre o trânsito que queremos construir.
    Acho que a maior pergunta que me surge é: será que nós ciclistas de poa não estamos bitolados demais em pensar que ciclovias e capacetes são as peças-chave para a nossa segurança?
    Deixo aberto a discução.

    Forte abraço a todos.

    • Aldo M. disse:

      Ciclovias, ciclofaixas, ciclo-rotas: todas melhoram um pouco as condições de segurança do ciclista, mas não chegam a reduzir os acidentes a menos da metade. O problema continua sendo o grande número de cruzamentos de fluxos entre bicicletas e automóveis nas intersecções. É nelas que ocorrem 80% dos acidentes.

      O maior mérito das ciclovias é incentivar o ciclismo. Estima-se que, com elas, o número de ciclistas se multiplique por 20. Isto causa uma revolução no transporte de uma cidade, sendo uma das consequências mais notáveis a redução do número de automóveis nas ruas, que reduziria a necessidade de obras para comportar aumento do fluxo dos mesmos.

      Há outros motivos para usar um capacete além da controvertida segurança. Por exemplo: No processo contra o atropelador em PoA, foi observado que os ciclistas não teriam se machucado mais porque estavam usando capacetes. Naquele caso extremo, acredito que os capacetes contribuíram sim, e muito. Então, os ciclistas não podem ser acusados de negligentes, e a responsabilidade pelos ferimentos e sua gravidade deve recair toda para o atropelador. E, além disto, como o capacete não é item obrigatório para o ciclista, quem estava utilizando-o acabou contribuindo para reduzir as acusações de lesões contra o atropelador, o que favorece ainda mais a imagem dos ciclistas.

      • Miague disse:

        Apenas um adendo: Longe de mim estar contra a implementação de ciclovias ou dizer que o capacete é algo inútil.

        obrigado.
        …Mais opiniões pessoal!

      • airesbecker disse:

        Em nosso contesto sem dúvida as medidas de exclusão e isolamento dos ciclistas vão ser benéficas para que mais pessoas sejam encorajadas a passar a usar a bicicleta.
        Mas sem dúvida isto tem um grande custo seja em espaço das ruas ou de obras, o que vai gerar um conflito, como já está gerando.
        Mas este vídeo do Japão é bastante interessante para valorizar a conscientização cultural e a educação para o trânsito.
        Acho que a solução sem dúvida tem de passar por um trabalho de divulgação e educação.

        A bicicleta é o veículo da tolerância.

  9. artur elias disse:

    Mais um triste exemplo daquilo que eu relatava ao Martinez:

    http://bikeportland.org/2012/01/30/odot-employee-dies-after-being-hit-while-riding-on-rural-salem-road-66219#more-66219

    Ciclista é atropelado e morre na hora tal a violência do choque. Motorista de 26 anos numa picape (grupo de risco…). O fato do ciclista estar numa reclinada é USADO pela polícia para mitigar a responsabilidade do motorista (!), que alega ter tido a visão completamente ofuscada pelo sol (às 10 e meia da manhã) e apenas ouvido e sentido o impacto. Em nenhum momento o motorista é responsabilizado por não tomar medidas cabíveis ao grave probelma de visibilidade por ele alegado, e que custou uma vida, segundo ele. Ao que se entende do relato, ele não terá nem multa. A vítima – triste ironia – era um ávido ciclista que trabalhava no departamento de trânsito do estado de Oregon.

    • artur elias disse:

      Por essas e por outras:

      arrumem um ESPELHO e APRENDAM A USAR.

      Olhar pra trás não é e nunca vai ser tão eficiente.

      Todos os veículos têm retrovisores. Por que só a bicicleta “não precisa”?

      Pessoalmente considero o espelho de capacete o mais eficiente e vantajoso, sob vários pontos de vista; mas qualquer um que a pessoa aprenda a usar em seu benefício é bom e muito melhor do que não ter.

      • airesbecker disse:

        Existe uma proposta de obrigar as bicicletas a virem de fábrica com retrovisores.

        Pessoalmente sou a favor do bom senso, existem várias formas de pilotar bicicletas.
        Acho que quem sente ou tem necessidade deve usar capacete, colete refletivo, luzes piscando, buzina de ar comprimido, câmaras de vigilância, roupas especiais e luvas, acho que deve usar, eu mesmo uso várias destas coisas.

        Mas acho que o ciclismo não deve ser um esporte radical de alto risco.
        É o que este vídeo do Japão demonstra.

        A bicicleta é um veículo tranqüilo e inofensivo.

      • artur elias disse:

        Usar espelho não tem nada a ver com esporte radical de risco.

        A não ser que você ache que um Fusca, uma lambreta, um ônibus, sejam equipamentos para esporte radical…

        Usar espelho tem a ver com a prática veicular responsável.

        Não é imprescindível; mas é muito importante.

        Na minha modesta opinião, MAIS importante do que capacete e MUITO MAIS importante do que luvas. De buzina e “roupas especiais” nem vou falar.

    • Aldo M. disse:

      Para corroborar a “culpa” do ciclista, disseram que ele havia se envolvido em outro acidente um ano atrás. Na ocasião, uma van o atingiu com seu espelho, e o motorista foi citado por “ultrapassagem insegura de ciclista”.
      O caso americano é comparável ao nosso pela cultura carro-cêntrica em nível de insanidade coletiva: nas declarações das autoridades americanas neste atropelamento, elas dão a entender que o ciclista deve ser culpado por não estar também dirigindo um mini-caminhão, como fazia o precavido atropelador.
      Uma reflexão: nós ciclistas devemos ter cuidado para que, à medida que nos conscientizamos da estupidez que é o culto ao automóvel, não percamos a noção de que muitos ainda vivem imersos nela e podem, por isto, nos matar.
      Artur, valeu o teu puxão-de-orelha após a Massa por eu estar sem espelho. No sábado, saí e comprei três, para a família toda.

      • lobodopampa disse:

        Que puxão de orelha nada, é só uma sugestão sutil hehehe.

        Aldo, este artigo é daqueles que tu gosta 😉

        http://bicycling.com/blogs/roadrights/2012/01/18/the-%E2%80%9Cignorance-is-bliss%E2%80%9D-defense/#.TxhmjjLcIlk.blogger

        O motorista atropelou um, depois outro, e outro, e outro, e outro – cinco ciclistas, um após o outro. Todos na ciclofaixa (!). E alegou que não tinha visto. Achou que era um poste. Segundo outra matéria, ele alegou que tinha dormido na direção. Nesse caso houve processo criminal e o júri decidiu que o motorista era culpado.

        Ah, mas foi no Canadá. Não nos EUA.

        E sem querer atiçar as teorias conspiratórias 😉

        – o motorista é imigrante.

      • Aldo M. disse:

        Essa alegação de não ver o ciclista (ou o pedestre) parece que funciona em muitos lugares e não só aqui no Brasil. Conclui-se que os motoristas não são obrigados a enxergar para poderem dirigir.

      • Aldo M. disse:

        Um colete reflexivo deve reduzir as chances de algum motorista dar um fino no ciclista, porque, em caso de atropelamento, a alegação de não ver o ciclista seria menos verossímil.

  10. Como é legal aprender, ser instigado à pensar é estar vivo para poder compartilhar experiências. Estes posts do Aires, contribuem em muito ao conhecimento sempre com a colaboração do Artur o Aldo e tantos outros. Eu sinceramente sempre me senti meio ridículo com o capacete, luvas e com a colocação do espelho que uso desde sempre; mas em várias oportunidades quando tentei deixar fora todos estes elementos fiquei meio desabrigado, não sei se entendem esta expressão, parece como se ficasse sem roupa ou que estivesse prescindindo de alguma coisa importante.
    Esta discussão de capacete e espelho retrovisor vá longe, tenho 61 anos então calculem a idade da historia que vou contar.
    Meu pai foi mensageiro da Western Union, ou seja entregava telegramas nas casas das pessoas em Montevidéu, durante a segunda guerra mundial, de bicicleta. Os mensageiros da Western como eram chamados foram famosos por terem usado bicicletas e terem sido muito rápidos no trânsito já naquela época.
    Meu pai sempre me contou que ele era campeão de entregas e conseguia entregar um telegrama num bairro de montevidéu chamado de Carrasco, distante 27 kilometros do centro da cidade em apenas 20 minutos.
    Eu achava meio historia de pescador mas hoje tenho visto que era bem provável esta marca. Bom nesta época a Western obrigava os ciclistas a usar capacete (de couro do tipo, de corrida, ao estilo dos usados na época na aviação) e eles sempre achavam uma frescura, assim como luvas que também contestavam; mas o pior era um uniforme estilo militar que usavam que falava meu pai que era horrível por trancar muito os movimentos do corpo.
    Quando chegavam na casa do destinatário, antes de apertar na campainha tinham que tirar o capacete e colocar um chapéu, que parecia ser um quepe militar.
    Esta situação do uniforme era tão tétrica que um colega do meu pai, num dia de chuva, bate numa capainha e corre para se proteger embaixo de uma árvore, da chuva e o destinatário da mensagem, achando que se tratava de um soldado alemão, atira da janela da casa e mata o mensageiro, assim terminou a obrigatoriedade de usar uniforme, chapéu e capacete.
    Meu pai sempre contestou usar o retrovisor, sempre contestou o capacete e até luvas; mas já velho com 60 anos e usando sempre a bicicleta, um magrinho de carro em Montevidéu, deu um fininho mal calculado, que o derrubou da bicicleta e caiu ao chão, sofrendo ferimentos nas mãos, pernas e parte do peito que demoraram bastante tempo para curar. Neste momento meu pai me falou “como era importante usar uma roupa grosa, capacete, luvas e ter a disposição um retrovisor para evitar este tipo de acidente ridículo”.
    Isto quer dizer que meu pai só se convenceu da necessidade de usar elementos de segurança na bicicleta, com 60 anos após um acidente quando já era tarde e esta historia me faz usar estes elementos e quando não uso me sinto nu; mas ainda a polêmica é muito antiga como podem ver.
    Ao respeito da reclinada, ela é baixa, então é fácil não vê-la no trânsito e isto sempre foi um dos motivos pelo qual nunca cogitei em ter uma. Já vi faz um tempo atrás uma reclinada, quase ser atropelada na Wenceslau Escobar, por uma camioneta em marcha ré, que saía de uma garagem. Neste caso posso garantir que o motorista não tinha culpa ele certamente não teve como ver a reclinada chegando transversalmente bem rápido pela rua e a velocidade da marcha ré não era elevada, era bem lenta. Por este motivo acredito que são colocadas aquelas bandeiras numa antena. Acho a reclinada neste aspecto meio perigosa e do acidente os argumentos não são nada impossíveis este um dos perigos de compartilhar a rua com motoristas eles podem ficar cegados pelo sol e atropelar quem está na frente. Saúde

    • artur elias disse:

      oi Martinez

      muito legal o causo hehehe

      Mas por favor não vamos generalizar; dizer que “toda reclinada é baixa” é o mesmo que dizer que “todas as bicicletas são vermelhas”, não faz sentido, desculpe.

      O nicho das reclinadas é pequeno em números de mercado, mas é IMENSO em criatividade. A variedade de modelos e configurações é incrível.

      Uma das coisas que mais varia é justamente a altura do banco (BANCO, não selim hehehe) em relação ao chão, e sua inclinação. Essas duas grandezas definem o quanto uma reclinada é “baixa” ou “alta”. A inclinação inclusive, porque influencia diretamente a altura total que o ciclista aparenta (altura da cabeça em relação ao chão) enquanto pedala; quanto mas ereto, mais alto, quanto mais reclinado, mais baixo.

      Dentre minhas 3 bicicletas no momento, considero minha reclinada (uma M5 Shock Proof 559) a bicicleta mais segura e mais apropriada para uso no trânsito de média e longa distância conforme são minhas necessidades, e considerando o estilo VEICULAR de conduzir, sempre na rua, sempre mantendo bom nível de atenção, de comunicação e de cooperação com todos os atores do trânsito.

      Não vou me estender mais aqui, para não me tornar (mais) inconveniente; mas não podia deixar passar esta “calúnia” ainda que bem-intencionada hehehe.

      [ ]

      a.

      http://www.pespracima.blogspot.com

    • artur elias disse:

      Martinez, muito legal o causo uruguayo.

      Agora me desculpem por me afastar (mais ainda) do tópico, mas isso aqui não dá pra deixar passar:

      “reclinada, ela é baixa, então é fácil não vê-la no trânsito”

      Isso é uma generalização que tem tanto sentido quanto dizer que “bicicletas têm duas rodas, então é fácil cair e morrer no trânsito”.

      O nicho das reclinadas, embora pequeno em mercado, é IMENSO em criatividade e constante evolução. A variedade de modelos é incrível, e assim o são os parâmetros dimensionais que definem a altura (da cabeça do ciclista quando pedala), que são 2: altura e ângulo (“quantidade de reclino”) em relação ao chão.

      A maioria das reclinadas utilizadas em passeio e transporte (e em ciclismo de longa distância competitivo ou não) posicionam o ciclista em altura equivalente ou muito próxima de um motorista sentado no banco de um carro de passeio pequeno ou médio.

      Existem as baixinhas, chamadas low racers em inglês ou Tieflieger em alemão, e até as ultra low racer como esta http://www.velokraft.com/ , que foram concebidas principalmente para competição em pista fechada. Mesmo assim, seus adeptos as usam nas ruas e acontecem acalorados debates na Rede a respeito da segurança delas. Não há consenso de que sejam realmente “inseguras”. A situação de marcha a ré é de fato um problema que é responsabilidade do reclineiro (no caso de low racer) admnistrar. Mas isso vale pra todo mundo que preza sua integridade física; meu filho de 6 anos já sabe que quando acende uma luz BRANCA na TRASEIRA de um carro, é melhor a gente parar e ficar atento, especiamente se estiver de bicicleta: porque ninguém pode garantir que o vivente que está manobrando pra trás está realmente enxergando ou mesmo prestando atenção. É uma questão de prudência.

      Das 3 bicicletas que tenho no momento, considero a minha reclinada (M5 Shock Proof 559) a mais confortável, eficiente, e MAIS SEGURA para minhas necessidades (distâncias médias pra cima) e meu estilo que é totalmente veicular, atento, cooperativo.

      • artur elias disse:

        Lá em cima era pra ser “altura e ângulo DO BANCO em relação ao chão.

        A variedade de modelos e configurações é tão imensa que eu passei agora vários minutos tentando encontrar um único site que conseguisse resumir tudo em uma página, de maneira bem didática, e não encontrei mesmo procurando em vários idiomas.

        Se alguém tiver curiosidade pode começar por aqui, espero que não canse o dedo de tanto clicar na flechinha que muda a página…

        http://www.liegeradmagazin.de/liegeraeder/

        (inclui reclinadas de 2 e 3 rodas, e velomóveis, que são triciclos carenados para uso prático em quaisquer condições climáticas)

      • lobodopampa disse:

        Desculpem o comentário repetido (ainda que não literalmente). Achei que tinha se perdido no lombo virtual e enviei outro, horas depois o primeiro apareceu tbém e afora não consigo apagar.

  11. Mas bah, tche, tu gosta de reclinada, tinha esquecido, nhe,nhe, nhe..Como e bom pisar nos calos dos outros assim distraidamente. Mas vamos lá ela não é baixa? No meu conceito ela é baixa, bem mais baixa que a bicicleta comum e isto é suficiente para sair do padrão. Mas vamos lá cada louco com seu livro. Mas tche é legal te irritar chegas a responder tres vezes, que loucura. Saúde

    • lobodopampa disse:

      Não achei que ia viver para ver o dia em que o Martinez ia se alinhar em conceito e preconceito aos policiais norte-americanos mais carrólatras… 😉

  12. Pingback: A grama do vizinho é mais verde | Vá de Bici

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