Carrocentrismo: ZH e a grande mídia na vanguarda da inversão de valores.

Eu fico estarrecido só de imaginar que a maioria dos leitores do jornal Zero Hora provavelmente não acharam nada de errado com o subtítulo da manchete acima:

“Falta de acostamento, postes juntos às vias e pedestres na pista são armadilhas para motoristas em estradas e avenidas.”

Mas pra mim o absurdo salta aos olhos: postes e pedestres são armadilhas para motoristas? Por acaso eles ficam camuflados no meio das vias  e saltam em frente aos carros quando eles chegam perto? Por acaso os postes ficam no meio da via? Eu sempre achei que eles ficassem em cima das calçadas, por onde os automóveis não podem circular.

Perigo: poste ataca carro em Campinas.

Os postes são objetos estacionários, não se movem e não ficam sobre as avenidas e estradas, como eles podem ser armadilhas para os motoristas? Os pedestres são pessoas que têm tanto direito a utilizar a cidade quanto o motorista, até mais, visto que perante o CTB eles têm preferência sobre os automóveis e o veículo maior deve sempre zelar pelo menor.

Então quem aqui é a armadilha? Será que não são os automóveis, que se deslocam muitas vezes (eu diria quase sempre) acima das velocidades máximas permitidas e sem observar normas de segurança básicas como manter a distância regulamentar de outros veículos e reduzir a velocidade de forma compatível com a segurança, que representam o verdadeiro risco à vida não só dos próprios motoristas, mas como de pedestres, motociclistas, ciclistas e até mesmo animais domésticos e silvestres?

Afinal pedestres por si só não são elementos perigosos e, salvo suicidas, costumam evitar ao máximo a travessia em locais perigosos, pois é a sua vida que está em jogo. Postes e pessoas a pé só se tornam perigosos para um motorista se ele estiver conduzindo seu veículo de forma irresponsável e perigosa. Anualmente morrem cerca de 40 mil pessoas por ano, só no Brasil, vítimas do trânsito de automóveis. Responsabilizar pedestres e postes de luz(!) por acidentes de trânsito num país  onde mais de 90% dos motoristas não respeitam e muitas vezes desconhecem a legislação de trânsito é tão absurdo que, se não fosse tão grave (e triste), seria engraçado.

Será que os postes e pedestres realmente apresentam risco aos motoristas? Ou é a alta velocidade e a irresponsabilidade que é um risco tanto para motoristas quanto pedestres (e postes)?

O Brasil ainda mima, trata os seus motoristas como crianças birrentas que não podem ser contrariadas que, nas poucas vezes em que são punidas, choram e esperneiam, buscam sempre recurso contra uma multa por uma infração que eles sabem que cometeram, mas recusam a admitir até mesmo para si mesmos. “Eles fazem isso só pra arrecadar”, “é a indústria da multa”, “eu estava só alguns km/h acima do limite”, todas as justificativas e explicações dadas pelo motorista acuado não mudam a verdade: se ele não tivesse cometido uma infração, não seria multado, se o brasileiro respeitasse as leis de trânsito não haveria indústria de multas,

Infelizmente, a EPTC em Porto Alegre e outros órgãos em outras cidades não precisam inventar infrações, nem forçar multas para criar uma indústria e sair multando a rodo. Basta ficar parado por alguns segundos em um cruzamento de qualquer cidade grande no Brasil que você vai testemunhar um festival de infrações: pedestre sendo desrespeitado na faixa de segurança, carros estacionados em frente à rampas de acesso de cadeirantes, excesso de velocidade, motoristas convertendo sem dar sinal de luz, carros furando o sinal vermelho, estacionando em fila dupla, tirando fino de ciclista, você escolhe. Pegue aleatoriamente um artigo do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e dê uma volta pela cidade que você provavelmente encontrará vários condutores cometendo essa infração.

Mas muito pelo contrário, os órgãos de fiscalização de trânsito no Brasil não são nada rígidos e a indústria da multa no Brasil, se existe, ainda tem muito a crescer, pois apenas uma pequena percentagem das infrações são penalizadas.  E pior, os órgãos federais estão institucionalizando toda essa leniência com quem atrapalha e põe a vida dos outros em risco: a partir deste mês está valendo uma resolução que transforma as multas por infrações leves e médias (como conduzir a até 20% acima do limite de velocidade) em meras advertências, dando desta forma carta branca ao motorista que nunca foi advertido para cometer as infrações que quiser.

Fones de ouvido apresentam risco à vida do pedestre, segundo EPTC.

Por outro lado, o pedestre, que já tem sua liberdade de ir e vir reduzida, acuado por pessoas conduzindo veículos perigosamente de um lado, se vê cercado do outro lado pela imprensa e pelas próprias autoridades de trânsito que tentam impingir-lhe também a responsabilidade de não ser atropelado por motoristas irresponsáveis alertando-o para qual seria o “comportamento seguro” para andar nas ruas. Recentemente a EPTC deu em seu site e no seu perfil no Facebook a “dica” aos pedestres: não usem fones de ouvido, senão vocês podem não ouvir o ronco do motor do carro que vem para te atropelar. De acordo com constatação da EPTC, a utilização de fones abafa o som dos veículos, tornando os pedestres mais expostos a atropelamentos.

Pode ser que eu esteja exagerando, mas aos meus ouvidos essa recomendação da EPTC, órgão que deveria ser responsável por garantir a segurança dos pedestres, seria equivalente a uma recomendação da Secretaria de Justiça e Segurança emitir uma recomendação às mulheres que não usem saias curtas, pois a utilização de roupas sexy as deixaria mais expostas a possíveis estupros.

Daqui a pouco EPTC e outros órgãos estarão emitindo recomendações para que as pessoas não saiam a pé de suas casas, pois os indivíduos que saem a pé estão mais sujeitos a serem atropelados. Neste quesito a ZH está na frente, já dizendo que os pedestres que circulam em avenidas são um perigo aos motoristas.

E quando retirarem todos os postes e pedestres das avenidas, qual será a próxima grande ameaça aos motoristas? As bancas de revistas? As casas e muros? As árvores? As florestas e rios? Quando é que o mundo vai estar pronto para acolher os automóveis com segurança? Quando toda a superfície da Terra estiver coberta de asfalto lisinho?

“Toma isso!” – obra do artista britânico Banksy.

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116 respostas para Carrocentrismo: ZH e a grande mídia na vanguarda da inversão de valores.

  1. Ricardo disse:

    Excelente postagem Marcelo.Não é todo mundo que tem senso crítico apurado para entender a sutileza perversa por trás da mensagem do jornal.

  2. Marcus Brito disse:

    Infelizmente não há nada de sutil na mensagem do jornal, Ricardo. Para mim eles foram *bem* claros na mensagem: qualquer obstáculo ao tráfego dos automóveis deve ser removido e penalizado.

    • Marcelo disse:

      Infelizmente a manipulação já é tanta que faz o absurdo parecer ordinário. Orwell não poderia estar mais certo.

      Eu tô me perguntando se os editores de ZH fazem isso conscientemente ou se também são manipulados e com “mentalidade de motorista” acham que estão defendendo um ponto de vista válido.

      • Aldo M. disse:

        Conscientemente ou não, eles trabalham sabendo de onde vem o dinheiro que paga os seus salários e não devem considerar prudente desagradar os maiores anunciantes.

      • Roberta Lima disse:

        Isso eu sempre me perguntei!! Será que é deliberado ou apenas um acéfalo que faz uma péssima escolha de palavras para ter o que publicar? Tenho muito medo de crer que é deliberado e que é para benefício de anunciantes… será que somos mesmo tão cruéis?

      • Aldo M. disse:

        Na verdade, Roberta, em alguns casos é pior ainda. Sei de situações em que o departamento de marketing de empresa anunciante telefona para as empresas de comunicação solicitando que determinada notícia não seja veiculada por ser prejudicial à sua imagem. E esses pedidos são geralmente aceitos em nome do bom relacionamento e da parceria entre anunciante e empresa de mídia.

    • Ricardo disse:

      Marcus,não tenho visto você na MC ultimamente.Lembro de ver você distribuindo flores para os motoristas.O que aconteceu?

    • Simples resposta: Tem um cadernos chamado “Carros e motos”

  3. Enrico Canali disse:

    Excelente texto, Marcelo! Excelentes observações!
    Se contarmos o número de anúncios de montadoras, feirões de carros, concessionárias e classificados de automóveis nos jornais (especialmente a ZH), fica bem claro por que que essa turma tem uma visão tão “carrocêntrica”.

  4. Enrico Canali disse:

    Reblogged this on e comentado:
    Texto do Marcelo Kalil, publicado originalmente no blog Vá de Bici.

  5. Olavo Ludwig disse:

    Daqui a pouco circularão pelas ruas carros elétricos, e ai não tem o ronco do motor, então chegará o momento em que a EPTC recomendará aos pedestres não sair a pé de suas casas.
    A solução para a “industria da multa” por excesso de velocidade é bem simples, qualquer um pode instalar no seu veículo um limitador de velocidade. O melhor seria que este item fosse obrigatório e que a velocidade fosse limitada eletronicamente por emissores nas ruas, ai não precisaria mais de pardais e não existiria mais este tipo de multa, que é a mais aplicada, e mesmo assim totalmente ineficiente para resolver o problema.

    • Aldo M. disse:

      As scooters elétricas já foram proibidas (em alguma cidade na Ásia) por serem silenciosas demais, o que teria aumentado o número de atropelamentos, segundo seu carro-cêntrico prefeito. Aqui, elas foram proibidas na prática por causa de impostos e seguro obrigatório mais elevados que os de automóveis a combustão.

      A grande maioria dos atropelados, ou são idosos, ou crianças/adolescentes. Por esta lógica esdrúxula, em que os automóveis não são perigosos mas os pedestres sim, este grupo deveria ficar em casa. Mesmo a EPTC não fazendo esta recomendação expressa, o terror causado por automóveis a 60 km/h em vias onde há muita presença de pedestres acaba obrigando idosos, crianças e pessoas com dificuldade de locomoção e passarem grande parte de suas vidas dentro de casa.

      Hoje, os automóveis possuem acelerador eletrônico. Seria muito simples deixá-lo mais fácil de controlar a velocidade. Mas ele continua funcionando da mesma forma que um século atrás, como se fosse preso a um cabo abrindo a borboleta do carburador: basta apertá-lo, muitas vezes por instinto, para ter acesso imediato a toda a potência do motor. Esta dificuldade de controlar a velocidade é, portanto, deliberada. A indústria do automóvel deve considerá-la fundamental para vender seus produtos, não como meios de transporte racionais, mas como extensões do corpo e da sexualidade humanas.

  6. Matheus disse:

    ZH é uma das poucas coisas que me fazem ter vergonha de ser gaúcho.

  7. Atilio disse:

    ZH não é um jornal, é um sintoma.

  8. Aldo M. disse:

    A inversão começa no título: são “os trechos” que matam.
    Esta transformação do objeto em sujeito da ação atende aos interesses dos anunciantes e talvez seja o recurso mais utilizado para ocultar o sujeito real, o veículo automotor, presente em mais de 99% dos acidentes graves de trânsito.

  9. Cézar disse:

    É claro, pelo menos ao meu ver, que existem maiores riscos a um pedestre com fone de ouvido, pois ele pode atravessar a rua sem imaginar que está vindo um carro e, obviamente, um carro não chega de 60km/h a 0km/h em uma fração de segundos. Esse respeito dos motoristas perante aos pedestres é extremamente necessária e da mesma forma é necessário ensinar aos pedestres aonde estão localizadas as faixas de segurança, que os semáforos devem ser respeitados mesmo que existam faixas de segurança. Tanto a reportagem de Zero Hora como esta publicação foram tendenciosas, cada uma “defendendo” o seu ponto de vista. Mostrar o caminho correto para uma boa convivência, aonde todas as partes envolvidas sejam responsabilizadas pelos seus atos seria uma melhor abordagem.

    • Marcelo disse:

      É óbvio que este post é tendencioso, pois ao contrário de ZH eu não acredito em imparcialidade. A ZH não é imparcial, mas posa de imparcial. A diferença é que eu defendo que a vida deve vir em primeiro lugar, acima do direito das pessoas de usarem o automóvel, acima da pressa, acima da conveniência. Eu defendo e luto por cidades para as pessoas, o meu sonho é uma cidade onde as crianças voltem a brincar na rua, sem medo de serem atropeladas. A ZH defende o que?

      Cézar, em primeiro lugar, 60km/h é a velocidade máxima permitida em vias urbanas em condições ideais. O motorista deve ter cautela, em zonas altamente povoadas, com movimento ou onde ele não tenha boa visão dos seus arredores, seja possível que um pedestre salte na frente de seu automóvel, ele não deve estar na velocidade máxima permitida. Vale lembrar que o número dentro do círculo vermelho é a velocidade MÁXIMA PERMITIDA, não é velocidade obrigatória.

      A grande diferença entre o pedestre e o motorista é que é o motorista que traz o perigo. O risco de vida só existe pela presença do automóvel, por isso o condutor de automóvel vai sempre ser responsável por qualquer acidente com um pedestre. É como se fosse (e é) uma arma. Se eu saio armado de casa, a responsabilidade pelo que acontecer com a arma é minha. Se não existisse automóvel, o pedestre poderia fazer o caminho que ele bem entendesse, sem medo de morrer. E os pedestres que se distraem, que se descuidam já pagam um preço muito alto, pagam com sua vida, pagam com dor, pagam com amputação.

    • Olavo Ludwig disse:

      Minha pergunta é: Quando que o motorista vai entender que velocidade máxima permitida é para ser algo eventual, na verdade evitado? E outra quando as pessoas vão se dar conta do absurdo que é esta perda de liberdade para quem está fora de um carro?

  10. mauricio bussab disse:

    Bom post ! Aqui em SP basta seguir o twitter da “Radio Transito” para ter exemplos desta inversão de valores diariamente. Todo dia tem um post do tipo “atropelamento com vítima causa lentidão e problemas para motoristas na avenida tal”.

  11. Excelente texto. Muito bem redigido e uma visão muito clara das coisas. Parabéns!

  12. Lucas disse:

    Excelente análise Marcelo.

    A RBS é um partido político e um grupo empresarial. Jornalismo pra eles é atividade meio, e não atividade fim.

  13. Pablo disse:

    É com essas frases assim soltas que as inverdades vão sendo implantadas pouco a pouco. E a situação é tão crítica que uma frase como essa passa batido para a maioria das pessoas. Mas fico extremamente feliz de saber que há pessoas como o Marcelo que percebem isso e escancaram aqui! Isso já é um freio para essas barbaridades!

  14. Rodrigo L. disse:

    Pelo visto é blog de mimimi de quem não tem carro e nunca teve carro. Se não há pedestres quem andam com a cabeça na lua ou que simplesmente se arriscam, o blog poderia explicar porquê diabos a EPTC teve que fechar com grade toda pracinha ali perto da rodoviária?? Eu respondo! Porque mesmo havendo uma passarela, as pessoas continuavam atravessando pela rua, num local sabidamente inseguro. Isso é só um exemplo, Posso falar outros, como por exemplo, alí na 1º perimetral, onde as pessoas atravessam por baixo do viaduto! Mesmo tendo a 100, 200 metros uma sinaleira e podendo passar pelo viaduto que possui calçada. Outra coisa é a tal da mãozinha, quando utilizada de maneira certa, ótimo. Só que muitos pedestres a usam em cima do carro, não havendo tempo hábil (inércia existe) para parar, mesmo com ABS. Apesar de haver vários casos em que a culpa seja do motorista, também há pedestre culpado. Parem no centro e fiquem observando gente que ta totalmente distraída, com fones de ouvido e se atravessa entre os carros, ou atravessa em sinal vermelho. GENTE COM A CABEÇA NA LUA EXISTE DIRIGINDO E ANDANDO A PÉ, AS VEZES ELES SE ENCONTRAM. Se liguem.

    • Marcelo disse:

      Oi Rodrigo, tudo bem?

      Vamos por partes.

      Em primeiro lugar, sim eu já tive carro. de 1998 a 2001. Dirigi em Porto Alegre por quatro anos e acabei vendendo o carro pois tinha preocupações ambientais. Então vamos combinar uma coisa? Vamos nos limitar a falar somente sobre aquilo que temos conhecimento, ok?

      Eu posso ter dar o meu ponto-de-vista sobre o porquê da EPTC ter fechado toda pracinha ali perto da rodoviária: porque eles dão preferência ao trânsito de automóveis em detrimento do trânsito e da segurança de pedestres. Se os planejadores urbanos pensassem em primeiro lugar na segurança das pessoas e não no fluxo de automóveis, teria instalado lombadas, sonorizadores, pardais e outros redutores de velocidade na descida do viaduto que vem da Av. Castelo Branco, por exemplo, e teriam instalado faixas de segurança com lombada eletrônica para a travessia dos pedestres. Mas como o mais importante para os nossos governos é o fluxo de automóveis, temos uma rodovia que desemboca no centro da cidade, com veículos em alta velocidade e os pedestres ficam escurraçados pro canto, literalmente andando em círculos para subir numa passarela com o risco de ser assaltado ou subindo e descendo escadas para passar em um túnel escuro para no final chegar ao mesmo nível do qual partiu. Isso, é carrocentrismo, é pensar em primeiro lugar no fluxo de automóveis e só depois pensar em como as pessoas vão andar naquele lugar.

      Mas além disso, eu nunca disse que não há pedestres com a cabeça na lua! É claro que há! E mais! Eu acho que as pessoas tem o direito de estar com a cabeça na lua, de devanear, de cantarolar, de ouvir música, de se distrair, sem precisarem ser punidas com morte por atropelamento por isso. Mas existe uma grande diferença entre um pedestre com a cabeça na lua e um motorista com a cabeça na lua: o motorista está armado! Ele não tem o direito de se distrair pois a distração dele pode custar a vida de uma ou mais pessoas!

      Imagine se eu estivesse correndo com uma lança na mão no meio de uma multidão e você distraidamente se atravessasse no meu caminho e eu dissesse: “a culpa é dele, ele tava distraído e não me viu com a lança”. Isso está correto? Qual é a diferença entre esta situação e se eu atropelasse alguém em circunstâncias similares? Nas duas situações quem está introduzindo um fator de risco sou eu, e portanto a responsabilidade maior será sempre minha.

      Como dizia o tio de Peter Parker: “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.”

    • Marcelo disse:

      “Outra coisa é a tal da mãozinha, quando utilizada de maneira certa, ótimo. Só que muitos pedestres a usam em cima do carro, não havendo tempo hábil (inércia existe) para parar, mesmo com ABS.”

      A mãozinha é uma falcatrua mesmo, o Código de Trânsito Brasileiro manda o motorista parar assim que o pedestre colocar o pé na faixa de segurança porque diabos o pedestre tem que esticar a mãozinha? Pra pedir licença pros carros? A preferencial é dele, pombas!

      Engraçado falares que não há tempo hábil. Em países como a Inglaterra, os carros todos param na faixa de segurança, sem essa de “não deu tempo de freiar” e sem mãozinha, se não deu tempo, toma multa. Lá os carros começam a reduzir a velocidade antes da faixa e engraçado que todos conseguem parar na faixa. Será que os motoristas de lá são mais competentes que os daqui?

      • Aliás, falando na mãozinha: coincidência ou não, a campanha da mãozinha foi encabeçada pela RBS, não foi?

      • Murilo disse:

        Instalar “lombadas, sonorizadores, pardais e outros redutores de velocidade na descida do viaduto que vem da Av. Castelo Branco”!?!?
        Por favor, isso é no mínimo falta de bom-senso, tendo em vista que há uma passarela e uma passagem subterrânea (do Trensurb) no local.
        Sou um pedestre. Não tenho carro. Só dirijo o do meu pai ou do meu irmão em ÚLTIMO caso. Sou completamente a favor de uma humanização em nosso trânsito. Gostaria MUITO de poder utilizar (de forma segura) a bicicleta como meio de transporte.
        Mas, às vezes, sinceramente, acho que o pessoal que é contra os carros (por qualquer motivo) exagera um pouco na dose.
        É minha simples opinião, gostaria que não fosse ofendido por expressá-la.
        Obrigado.

      • Marcelo disse:

        As lombadas, sonorizadores e outros redutores de velocidade seriam instalados para humanizar o trânsito, removendo as passarelas, colocando faixas de segurança, e transformando aquela área verde numa verdadeira praça. Podia-se plantar umas árvores e alargar as calçadas também. Mas isso só se os nossos planejadores urbanos se preocupassem com o trânsito e com a segurança de pedestres, com a qualidade de vida e não apenas com o fluxo de automóveis.

  15. Rodrigo L. disse:

    A PROPÓSITO, EXISTE LEI DE TRÂNSITO PARA PEDESTRES TAMBÉM, SE ALGUÉM ME APONTAR UM ÚNICO PEDESTRE QUE TENHO SOFRIDO QUALQUER TIPO DE MULTA OU SANÇÃO ADMINISTRATIVA POR TER POR EXEMPLO TER ATRAVESSADO A RUA EM SINAL VERMELHO EU NÃO POSTO MAIS NADA AQUI.

    • Aldo M. disse:

      Em Melbourne, na Austrália, estão reduzindo a velocidade máxima das avenidas de 50 para 30 km/h. O prefeito explicou que era para reduzir os atropelamentos, já que os pedestres eram muito distraídos (!).
      Aqui, o prefeito manteve o limite de 60 km/h em frente à Rodoviária mesmo durante os meses em que a passarela estava interditada. Uma pessoa morreu.
      Se você fosse prefeito, como agiria?

      • Cecílio disse:

        A mesma passarela que tem uma passagem subterrânea a uns 50m de distância e onde ocorrem atropelamentos com ela em funcionamento, por sinal.

      • Aldo M. disse:

        A passarela possui rampa e portanto é acessível a pessoas com dificuldade de locomoção. Seu trajeto é de 400m. O túnel só possui escadarias e o trajeto de travessia é de 700m.
        A pessoa que morreu em novembro foi atropelada por uma jamanta bi-articulada. Na Europa, veículos como este não são permitidos nem em estradas, e jamantas simples tem limite máximo de 40 km/h nas cidades. Num ponto com tanto movimento de pedestres, a velocidade deveria ser de no máximo 20 km/h e caminhões pesados devem ser proibidos de circular. Note que a velocidade média dos carros no Centro não chega a 20 km/h, mesmo com o limite de 60 km/h.
        Quando dizem que Porto Alegre é a mais europeia das capitais, as pessoas relevam totalmente as questões de trânsito.

      • Cecílio disse:

        Aldo, bem lembrado. Não tinha percebido a questão das escadas. Mas de qualquer forma, acontece atropelamento ali mesmo com a passarela. E normalmente é um pouco antes dela, onde tem que se passar por baixo do viaduto da Farrapos. Aquela zona acumula muitos carros que vem de lugares diferentes e é uma saída importante da cidade. Não vejo motivo para se reduzir o limite de velocidade.
        Na Europa faz sentido jamanta ser proibida nas estradas porque lá todo o transporte de cargas é feito de trem. Eu ficava de boca aberta vendo trens que não terminavam mais passando nas estações da Alemanha…

      • Marcelo disse:

        Concordo plenamente que o transporte de cargas e também de passageiros, deveria se dar preferencialmente por trem.

      • Aldo M. disse:

        Cecílio, eu acho absurda a placa de 60 km/h no final da elevada em direção à Rodoviária. o trecho anterior era de 40 km/h e, logo após, só há curvas em que é muito arriscado fazê-las a 60 km/h. Entende? Aquela placa parece uma piada, só que de muito mau gosto. A solução mais óbvia seria simplesmente manter o limite de 40 km/h naquele trecho, que é muito curto. Quero acreditar que esqueceram aquela placa ali de uma outra época.
        Deixando de lado a questão dos caminhões-trem nas estradas, as jamantas deveriam ter um limite de velocidade diferenciado na zona urbana, assim como os ônibus articulados e bi-articulados que virão com a implantação dos BRTs.

      • Marcelo disse:

        O que adianta impor limites de velocidade quando não há fiscalização? No corredor de ônibus da Osvaldo Aranha, por exemplo, a velocidade máxima pros ônibus é 40km/h. Tu achas que eles respeitam? Já vi diversos pedestres atropelados ali e a culpa é sempre do pedestre, por estar fora da faixa ou atravessando no sinal vermelho, nunca do condutor que está acima da velocidade máxima permitida.

      • gerson disse:

        E tem vereador querendo aumentar o limite de velocidade em Porto Alegre.

    • Cecílio disse:

      Seria um sonho se isso acontecesse. Mas precisaria de muita fiscalização e não temos recursos para isso. Preferem multar por excesso de velocidade (que a quantidade de tráfego já limita na maioria das vezes) do que motoristas que não param na faixa de segurança, fazem conversões sem seta, etc. ou seja, não temos nem recursos para fiscalizar infrações piores, imagina estas de “menor prioridade”.

  16. Tiago B disse:

    “[pedestres]costumam evitar ao máximo a travessia em locais perigosos”
    Cara, tu não dirige né? O que mais tem é pedestre a 50m de uma faixa atravessando, o pior, normalmente são pessoas idosas e muitas vezes mulheres com crianças…

    • Marcelo disse:

      Oi Tiago,
      Eu dirijo de vez em quando. Se a velocidade máxima é 60km/h, vou a 40, 45km/h (é óbvio que se forma uma fila atrás de mim e ficam buzinando raivosos como se eu estivesse cometendo um crime) e se vejo um pedestre atravessando a rua eu paro. Eu sempre dirijo numa velocidade que eu considero segura. Um truque que eu faço pra isso é ficar pensando “se saísse uma criança correndo atrás de uma bola do meio daqueles dois carros estacionados, eu conseguiria parar o carro a tempo?”

      É óbvio que quem mais atravessa fora da faixa são pessoas idosas e com crianças, pois para essas pessoas é muito mais cansativo caminhar longas distâncias. Se eu dou preferência pra um idoso numa fila, pq eu não pararia o carro para um atravessar a rua quando estou sentado confortável?

      • Cecílio disse:

        Marcelo, é por isso que em ruas de bairro os limites de velocidade são baixos, sendo maiores nas avenidas e estradas. Dá pra contar nos dedos as ruas de 60Km/h que tem faixa de pedestre sem sinaleira (não lembro de nenhuma em PoA, na verdade – nas estradas tem algumas). Aliás, nas estradas o limite de velocidade cai para 40Km/h nas áreas urbanas, às vezes. Acho até contraditório andar a 40Km/h nas avenidas por um eventual pedestre correndo atrás da bola quando tu reclama da EPTC recomendando que pedestres não usem fones de ouvido (e se um motorista perder o controle do carro e invadir a calçada?). Pelo mesmo motivo que os carros não deveriam representar risco os pedestres não deveriam se colocar nestas situações.
        Fazer uma fila atrás de ti e não dar passagem às pessoas que querem andar dentro do limite vai contra tudo o que tu diz; quer dizer que todos precisam andar no ritmo que tu julga correto? É assim que se compartilha uma cidade? Fazendo isso, tu fica mais tempo parado em sinaleiras, com o motor poluindo sem necessidade, já que na maioria das avenidas de PoA dá pra pegar a “onda verde” – como dica, fico parado só em três sinaleiras da Ipiranga inteira mantendo essa velocidade, gastando bem pouquinho combustível.

      • Marcelo disse:

        Cecílio, acho que não entendeste meu ponto de vista. Reclamo da recomendação da EPTC sobre fones de ouvido pois acho que o pedestre não deve ter sua liberdade cerceada porque outras pessoas resolveram colocar veículos perigosos nas ruas. Por exemplo, acho injusto minha vó correr risco de vida e ter que obedecer um monte de regras que a penalizam (como caminhar 100m a mais pra atravessar uma rua) toda vez que sai de casa porque outras pessoas estão criando um risco à vida dela.

        Acho 60km/h uma velocidade alta demais para zonas urbanas. É dificil parar o carro a essa velocidade se acontecer um imprevisto qualquer na tua frente.

        Cecílio, quando se forma fila atrás do carro que estou dirigindo é em ruas onde não é possível dar passagem, ruas com uma faixa única. Assim como eles não tem que conduzir na velocidade que eu acho ideal, eu não tenho que conduzir na velocidade que eles querem, ainda mais se sinto que uma velocidade superior seria perigosa, ainda mais porque estou dentro do limite de velocidade (a velocidade mínima permitida é 50% da máxima, ou seja numa via de 60km/h, é permitido andar a 30km/h).

        E mesmo indo a 40km/h eu já peguei todos os sinais verdes do aeroporto até a Quintino Bocaiuva. Só parei em um semáforo, depois de fazer uma conversão.

      • Cecílio disse:

        Certo. Eu tinha entendido que tu andava a 40 nas avenidas largas, sem ser na faixa da direita. Mas não conheço nenhuma via de pista simples onde o limite é acima disso. Tem que mandar pastar quem buzina mesmo.

      • Marcelo disse:

        A velocidade que dei foi só um exemplo. Talvez eu estivesse a 30 ou mesmo a 40km/h numa via de 40km/h. O fato é que as pessoas se recusam a aceitar que alguém respeite os limites de velocidade.

    • Aldo M. disse:

      Eu dirijo quase sempre e ajustei o alarme de excesso de velocidade para 45 km/h no meu carro.
      Eu ia a pé para o colégio quando tinha 6 anos de idade. Hoje em dia, frequentemente crianças e adolescentes morrem atropelados. Pelo que entendi, estás defendendo a pena de morte até para menores de 18 anos que se distraírem ao atravessar uma rua? É isso mesmo?

  17. Tiago B disse:

    E outra, pq os ciclistas sempre furam o sinal? Te digo que nem lembro de ver um ciclista parado respeitando o sinal, mas furando lembro de uns 3.

    • Marcelo disse:

      Pq os motoristas furam o sinal? Pq os motoristas dirigem falando no celular? Pq dirigem bêbados? Pq dirigem acima da velocidade permitida?

      Eu não sei pq os ciclistas furam o sinal, só sei que eu me preocupo muito menos com ciclistas imprudentes do que com motoristas distraídos.

    • Aldo M. disse:

      E por que menos da metade dos motoristas sinaliza que vai converter? Por que os motoristas não respeitam as faixas de trânsito e andam em constante zigue-zague? Porque o motorista gaúcho dirige como se estivesse sozinho no mundo? Porque o maior parte dos mortos no trànsito não estava atrás do volante?

      Se não suportas ver um ciclista avançando o sinal, faça como esse motorista

      • Cecílio disse:

        Tu não está tentando justificar um erro com o outro, certo?

      • Aldo M. disse:

        Os semáforos não foram criados para bicicletas, tanto que em Paris já é permitido aos ciclistas avançar legalmente o sinal em alguns cruzamentos. Constatou-se que é mais seguro que a bicicleta arrancar no meio dos automóveis.
        Coloquei o vídeo apenas para zombar dos motoristas inconformados com as “regalias” dos ciclistas.

  18. Cecílio disse:

    Chamada bastante infeliz, mas a matéria é mais do que válida. Recomendo lê-la caso não tenha o feito. Ela mesmo fala que a maior causa de acidentes é o condutor do veículo. Nos casos referentes à pedestre, a crítica é à falta de sinaleiras, faixas de segurança e passarelas em trechos críticos, como a BR-116 em São Leopoldo e a Bento Gonçalves próxima a Viamão, lembrando que a BR tem passarelas a cada 3km (não suficientes) e que a Bento não tem locais para travessia próximo a onde vilas foram instaladas.
    Já o problema com os postes é eles ficarem muito próximos às vias. “Mas eles não se jogam em cima dos carros”, tu pode dizer. Eu faço a analogia de que ponha várias lâminas nas paredes da tua casa e que tu diga o que acontecerá se tu perder o equilíbrio por alguma razão ou alguém sair de um quarto sem perceber que tu estava ali. Acidentes acontecem e é por isso que existe legislação de trânsito e sistemas de segurança nos veículos; digamos que, por exemplo, um pedestre atravesse uma via fora da faixa de segurança (o que acontece muito – e não precisa ser suicida, é só ter a inteligência de algumas pessoas por aí) e um carro precise desviar para evitar um acidente. É melhor dar de cara no poste ou parar no acostamento?
    Falar de “direito a usar a cidade” em detrimento dos carros é estranho quando um automóvel não pode, por exemplo, entrar na contramão e precisa esperar a sua vez nas faixas de segurança, sinaleiras, etc. O essencial é saber o seu lugar e dividir a cidade com todos os modais. Temos que lembrar que o motorista que não pára na faixa de segurança normalmente é o mesmo pedestre que atravessa fora da faixa, achando que tem mais direito de andar por aí do que os outros.
    Já recomendar que os pedestres não usem fones de ouvido faz um paralelo com a obrigação de que motoristas não andem com som alto ou usem películas escuras nos vidros; é para manter a atenção e comunicação no trânsito, que é extremamente importante. (Lembrando que, ao contrário do que muita gente lembra ao se falar em trânsito – apenas em carros – quero dizer que botou o pézinho na calçada, tá no trânsito.) Particularmente, eu não gosto de usar fones na rua pois me sinto completamente isolado dos arredores – seja alguém correndo, chamando, uma sirene, uma buzina ou um idiota furando o sinal (como motoqueiros adoram fazer, citado inclusive nessa postagem da página do FB da EPTC). O essencial do trânsito é “pare, olhe e escute”.
    Entendo teu desabafo, fruto da falta de educação, egoísmo e mau-uso dos recursos (nos casos, as vias) pelas pessoas. Só acho que o “bode” foi exagerado, já que a matéria da ZH, no geral, representa a mesma opinião que tu expõe aqui.

    • Aldo M. disse:

      A solução simples é reduzir a velocidade máxima nas áreas urbanas, usando recursos como sinalização, punição e moderação do tráfego. Isto reduz drasticamente os acidentes e melhora substancialmente a mobilidade dos pedestres e ciclistas. É a receita dos países desenvolvidos.

      Além disto, está provado que um limite de 30 km/h praticamente não aumenta o tempo de deslocamento em grandes metrópoles. O difícil convencer os motoristas. Pergunte a qualquer um qual a velocidade média que fazem na cidade. Eles se iludem e imaginam que é uns 50 km/h, mas na verdade nem chega a 20 km/h. Note que, a 20 km/h, leva apenas 15 min para percorrer 5 km.

      E, nos congestionamentos causados pelo excesso de automóveis, a velocidade cai facilmente abaixo dos 10 km/h. Nestas situações, cada vez mais comuns, ir de bicicleta ou mesmo a pé é mais rápido que de automóvel e torna o trânsito mais seguro para todos.

    • Marcelo disse:

      Cecílio,
      A diferença entre a matéria e a chamada é provavelmente porque a matéria foi redigida por um jornalista e a chamada na capa por outro, provavelmente o editor do jornal. E infelizmente a chamada na capa passa uma mensagem forte, é uma forma importante de mostrar a sua posição, a sua opinião, e qualquer jornalista sabe isso.

      Veja bem Cecílio, “direito à cidade” e direito de “ir e vir” são direitos das pessoas e não se estendem necessariamente aos veículos que elas conduzem. Os principais problemas dos automóveis individuais é que eles ocupam a maior parte do espaço público, transportam poucas pessoas e colocam muitas em risco.

      • Cecílio disse:

        Eu já acho que pelo mesmo motivo que não passo passar por dentro da tua casa para ter acesso à rua de trás, por exemplo, tenho que caminhar alguns metros a mais para atravessar a rua ou dar a volta na quadra para acessar a minha rua de carro, que é de mão única. É a noção de que estou vivendo no mesmo lugar que outras pessoas e que antes de ter direitos eu preciso de deveres. Não entendo por que os direitos não se estenderiam aos carros visto que o ideal é que se possa ter liberdade de escolher uma opção.

      • Marcelo disse:

        Cecílio, na verdade eu discordo de ti em princípios.

        Acho que antes de termos deveres, temos direitos. É assim que funciona (ou deveria funcionar) atualmente, quando nascemos já nascemos com o direito de ter uma vida saudável, de não sermos expostos à sofrimento desnecessários, direito a uma educação de qualidade, etc. Não concordas?

        Eu acho que o meu direito de ir e vir, como indivíduo, vem antes das leis de trânsito. Se as leis vêm antes, então não existem direitos! As leis têm que ser alteradas para garantir os direitos essenciais das pessoas e não o contrário! O que acredito é que junto com os direitos vem a nossa responsabilidade de garantir a manutenção dos direitos dos outros.

        E os direitos não se estendem aos veículos por razões óbvias. Se teu direito de ir e vir fosse estendido ao teu carro, terias o direito de entrar de carro na Praça da Alfândega, por exemplo, que é um espaço público, mas isso prejudicaria todos os demais, afetando os direitos deles. Estarias ocupando o espaço de cerca de 20 pessoas e colocando em risco suas vidas para que tivesses o privilégio de estar ali de carro. Privilégio, pois nem todos têm condições e nem haveria espaço físico, para que todos lá estivessem de carro. O carro é um bem supérfluo, um privilégio, não é uma necessidade do ser humano, pelo contrário a sua existência afeta toda a cidade, e restringe o direito dos outros (direito à segurança física, direito ao silêncio, direito de ir e vir). Por isso acredito que às pessoas pode ser concedido o privilégio de conduzir um automóvel e por isso ele deve pagar taxas altas que devem ser utilizadas para mitigar os efeitos negativos do automóvel: poluição e degradação ambiental, riscos à saúde, ocupação de espaço público, etc. E se a pessoa de qualquer maneira utilizar esse automóvel para ameaçar ou colocar em risco a vida de outras pessoas, este privilégio deve ser revogado.

      • Aldo M. disse:

        Diversas leis, inclusive o Plano Diretor municipal, afirma a prioridade do transporte coletivo, do pedestre e da bicicleta. Então, estes modos têm direito a um tratamento diferenciado em relação aos automóveis particulares. Se algum tiver que desviar, que sejam os carros. Andar de carro ainda não é um direito, apenas um privilégio. É a lei.

    • Bruno disse:

      Excelente comentário do Cecílio, e concordo com todos os pontos ressaltados por ele. Muitas vezes a ZH publicou matérias culpando a falta de atenção do motorista e o excesso de velocidade, mas não falava nada das condições da pista, da falta de duplicação, dos trechos em obras durante anos…

      Em contra-partida, também vemos reportagens, no mesmo veículo, atestando a quantidade de acidentes em vias em obras. Ou seja, no decorrer de um ano o jornal acaba se “contradizendo” diversas vezes. O que o jornal quis dizer foi que, assim como a imprudência dos motoristas e de outros fatores adversos, alguns motoristas acabam sofrendo acidentes – por imperícia ou descuido – que poderiam ser evitadas se a cidade fosse melhor planejada.

      Quanto ao limite de velocidade das vias, acredito – por experiência – que seja a adequada. Conforme o CTB, somente as vias arterias (no nosso caso, a Farrapos, Ipiranga, Protásio…) tem limite de velocidade de 60Km/h. Nas outras vias, os limites são 40 e 20Km/h. Mais relevante do que diminuir o limite de velocidade das vias é ensinar o motorista a prestar a atenção ao trânsito (e isso inclui as calçadas). Muito mais vale um motorista a 40km/h atento aos meninos que jogam bola (ou a idosa atravessando a faixa, o jovem com fones de ouvido ou o cachorro sem coleira) do que o “prudente” a 20Km/h e que não está atento ao trânsito.

      Sou pedestre há 15 anos e motorista a 2. Acho válido a recomendação da EPTC sobre os fones de ouvidos: frequentemente eu atravesso as ruas de Porto Alegre sem quase olhar pra ela, porque escuto que não tem nenhum carro presente, e como motorista várias vezes tive que desviar de pedestres que simplesmente atravessavam a via com a atenção e velocidade como se estivessem na calçada.

      Acho válido chamar a atenção para o título da reportagem, mas lendo a reportagem acho que foi mais por falta de atenção e clareza na formulação da chamada do que por visão “carrocentrista” (não que eu goste muito da qualidade e postura das notícias da ZH). Nem tanto ao mar nem tanto a terra…

      • Marcelo disse:

        Oi Bruno,

        Sobre em acidentes em vias com obras. Eu tive uma experiência bem traumática em relação a isso. Estava indo de carro de Porto Alegre a Mariana Pimentel (passando Guaíba) e a rodovia estava em obras (não lembro qual a numeração da rodovia), mas enfim é uma via em que geralmente a velocidade máxima é 80km/h, mas que, por causa das obras, havia placas indicando a velocidade máxima de 60km/h. Eu estava conduzindo a 60km/h (a velocidade máxima permitida) e diversos carros, caminhões e ônibus colaram na minha traseira e quando conseguiam, faziam ultrapassagens perigosíssimas, acima da velocidade permitida, buzinando raivosos. Então desculpa, mas eu acho difícil de aceitar que a culpa seja das obras, quando temos motoristas completamente despreparados que não respeitam a sinalização nem quem as respeita, que arriscam a sua vida e a dos demais ignorando toda e qualquer regra de condução segura.

        Já dirigi muito em estrada e dirigindo sempre dentro dos limites estabelecidos, nunca tive problemas com obras. Meus problemas sempre foram com motoristas irresponsáveis.

      • Aldo M. disse:

        O problema do excesso de velocidade é largamente subestimado. Dirigir sóbrio a 66 km/h é tão perigoso, em termos de tempo de reação necessário para evitar um acidente, quanto dirigir a 60km/h com 5mg/l de álcool no sangue. A segunda situação pode ser tipificada como crime de trânsito, já a primeira não acarrete sequer infração leve onde o limite for de 60km/h, pois há uma tolerância de 7 km/h.

        Esta questão da velocidade tem sido evitada no Brasil, e pouquíssimas pessoas sabem estimar os riscos associados a ela. O resultado é que, mesmo motoristas que se consideram cuidadosos podem se envolver em acidentes por não terem sido alertados quanto a isto. Alguém faz ideia da distância que um carro percorre para parar quando está a meros 40 km/h em asfalto úmido? R.: O equivalente a mais de OITO Unos enfileirados (a 60 km/h, seriam QUATORZE Unos)

        Os fabricantes têm se omitido em conscientizar as pessoas sobre os riscos da velocidade da mesma forma que se omitiram no passado quanto ao cinto de segurança. Na época, eles resistiram em instalar cintos porque daria a “impressão” que os automóveis não eram seguros.

  19. Xerife disse:

    Parabéns pelo texto e principalmente pela atenção e paciência nas repostas aos ignorantes! Viva as novas lombadas na frente do colégio Marista Ipanema!

  20. julioappel disse:

    Eu como motorista me vejo, realmente, vítima de algumas armadilhas que NÃO SÃO os pedestres, postes e bicicletas. As armadilhas que me perseguem são semáforos e faixas de segurança mal projetados.

    Os semáforos tem o sincronismo para velocidade alta, dirigindo abaixo de 60 km/h provavelmente o motorista pare em todas eles, ou seja, o engenheiro de tráfego projetou a sinalização da via para velocidade acima da permitida por lei.

    As faixas de segurança são antecedidas pela faixa de retenção, onde os carros devem parar. Parando na faixa de retenção o motorista NÃO TEM VISÃO da rua que precisa entrar ou cruzar, o que obriga o motorista a infringir a lei para poder olhar a rua…

    Mas postes, pedestres e bicicletas estão longe de ser armadilhas.

    • Aldo M. disse:

      Concordo. O sincronismo das sinaleiras em Porto Alegre é feito para se trafegar em velocidade máxima ou até acima dela. Além disto, o tempo de sinal amarelo é insuficiente para fazer uma parada segura a quem trafega a 60 km/h. Algo precisa mudar.

    • Marcelo disse:

      A EPTC é completamente incompetente ao instalar faixas de segurança. Realmente é difícil em muitos casos observar a rua que se tem que cruzar sem parar sob a faixa de segurança. Nesses casos, a calçada têm que ser alargada para que o veículo possa avançar além da faixa de segurança.

      E EPTC também tem mania de instalar faixa de seguranças onde há sinaleira para pedestres e tudo que se precisa são de faixas de retenção. Isso gera uma confusão sobre quando o motorista deve ou não parar na faixa de segurança. Se há um semáforo ele não para? E se há um semáforo a 10, 20 metros de faixa? Há uns 10, 15 anos atrás não havia faixa de segurança onde há semáforo, o que faz muito mais sentido e é como funciona em países onde a faixa de segurança é respeitada.

      • Cecílio disse:

        Marcelo, acho a incapacidade do motorista porto-alegrense de entender as regras da faixa de segurança uma burrice sem tamanho. É simples assim:
        – Faixa sem semáforo, preferência do pedestre;
        – Conversão: preferência do pedestre, mesmo sem faixa, exceto quando há semáforo específico para pedestres na esquina (ex. Mostardeiro com Florêncio Ygarthua à esquerda);
        – Faixa com semáforo, preferência definida pela sinalização. É importante lembrar que a faixa de segurança que fica após a sinaleira, do outro lado do cruzamento, respeita essa mesma sinalização para quem vem nesta via. Ela serve para garantir a segurança nas conversões de quem vem da outra via. Ou seja: essa faixa de segurança não segue a regra de faixa de segurança sem semáforo mesmo não estando embaixo de um.

        Fazendo um adendo, em Caxias do Sul as duas sinaleiras do cruzamento ficam fechadas por uns 10 segundos para dar espaço exclusivamente ao pedestre. Isso é ridículo. Institucionalizaram que o motorista não precisa parar na faixa. Caxias e PoA são um inferno quanto a isso. O curioso é que esses caxienses e porto-alegrenses quando vão para Gramado param em todas as faixas de pedestre com MUITA antecedência…

      • Aldo M. disse:

        Este tempo de sinaleira exclusivo para pedestres é o mesmo conceito utilizado em Amsterdam: a cada troca de sinal, há um tempo para pedestres e ciclistas.
        A questão da prioridade ser do motorista em alguns cados não dá o direito a ele de atropelar o pedestre, nem ameaçá-lo, é bom lembrar.

      • Cecílio disse:

        Aldo, é que penso em NYC quando falo da preferência na conversão. Poucas cidades tem o trânsito daquele jeito e mesmo assim os motoristas sempre param na faixa. Eu vejo isso como uma cultura que entende que a pessoa que tem o carro tem tantos direitos quanto quem está a pé. Por aqui, a cultura da colônia diz que quem tem carro é rei e tem prioridade. Mas o pedestre tem que saber esperar a sua vez também; lá ele sabe.
        Amsterdam não é bem assim não. É que como as ciclovias são como vias à parte, elas precisam de uma sinaleira específica. Normalmente, está aberto para os ciclistas e fechado para carros e pedestres; depois ela fica fechada para carros e ciclistas. Aliás, é muito mais fácil ser atropelado lá por uma bicicleta (e motos que circulam nas ciclovias e aquele carrinho pequeno, de um lugar, que não sei o nome) do que por carros. Na primeira vez que fui pra lá vivia puxando minha mulher para o lado (oposto ao da ciclovia – que fique claro! ehehe)

      • sergiok disse:

        “Faixa com semáforo, preferência definida pela sinalização. É importante lembrar que a faixa de segurança que fica após a sinaleira, do outro lado do cruzamento, respeita essa mesma sinalização para quem vem nesta via. Ela serve para garantir a segurança nas conversões de quem vem da outra via. Ou seja: essa faixa de segurança não segue a regra de faixa de segurança sem semáforo mesmo não estando embaixo de um.”

        Cecílio, não conhecia essa regra. Está no CTB? Onde?
        Pra mim faixa de pedestres em baixo do semáforo não faz sentido nenhum porque ali o que vale é o semáforo. Todas as outras são preferência de pedestres, mesmo que seja 10, 20m adiante, ou dobrando a esquina.

      • Cecílio disse:

        Sérgio, se tu olhar o CTB vai perceber que ele não define de forma exata a faixa de pedestre. Veja este vídeo a partir de 5:19 para entender o que eu falo: http://www.sinalvermelhocuritiba.com/pedestres-canalhas-03-novo-premio-de-ouro/
        Nesse caso, o pedestre estava esperando para atravessar e nenhum motorista lhe deu a vez na conversão. Quando o sinal abre, os carros não podem parar antes da faixa do outro lado pois assim estariam trancando o cruzamento (o que é bem definido no CTB). Se houvesse um pedestre na faixa após a sinaleira e o carro parasse na faixa de retenção antes da sinaleira também seria incorreto pois o sinal está aberto e é o momento que ele tem para cruzar. Ou seja: a faixa de pedestre imediatamente após a sinaleira, em um cruzamento, é ligada à sinalização da faixa de segurança sob sinaleira anterior. Esse exemplo é melhor observado em NYC onde há o sinal de Walk/Stop nos dois lados do cruzamento e não apenas em um como se faz aqui por economia. Quando o sinal abre no outro lado do cruzamento, o Walk acende, os pedestres atravessam e os carros que querem converter esperam. Em Porto Alegre um ótimo exemplo dessa situação é a esquina da Goethe com Mostardeiro: http://goo.gl/maps/ytFo

      • sergiok disse:

        Essa é uma dedução tua e não a regra do CTB, então. Pela lógica na faixa do outro lado do cruzamento a prioridade é do pedestre pois não há semáforo que indique pra ele se ele pode atravessar ou não e nem semáforo sobre a faixa que faça os carros pararem. De qualquer forma o CTB é claro, o motorista deve dar prioridade ao pedestre que já está realizando a travessia, mesmo que o pedestre esteja errado. E o motorista canalha desse video não faz isso nem quando o pedestre está na faixa (0:38 e 1:57).

      • Cecílio disse:

        Bom, Sérgio, pergunta pra um instrutor de auto-escola / fiscal de trânsito sobre isso e vê o que ele vai te dizer. Não é dedução minha, é uma coisa óbvia e que acontece na prática. Procura no CTB a definição das situações de faixa de segurança. Não se tem a sinalização por pura economia (assim como a Ramiro com a Independência não tem o sinal piscante, por exemplo). Dei o exemplo de NYC, que tem a sinalização dos dois lados e a lei de circulação é muito similar à nossa. Se tu dirige tu vai entender o que eu estou falando.

      • Marcelo disse:

        “Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de
        cruzamento, o condutor do veículo deve
        demonstrar prudência especial, transitando em
        velocidade moderada, de forma que possa deter
        seu veículo com segurança para dar passagem a
        pedestre e a veículos que tenham o direito de
        preferência”

        “Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando a via
        sobre as faixas delimitadas para esse fim terão
        prioridade de passagem, exceto nos locais com
        sinalização semafórica, onde deverão ser respeitadas as
        disposições deste Código.

        Interpretando estes dois artigos do CTB eu tendo a concordar com o Sérgio. A faixa de segurança do outro lado do cruzamento, depois do semáforo, não pode ser considerado um local com sinalização semafórica, tanto quanto no caso de conversões. Neste caso, aplica-se o artigo 44 do CTB, que é sistematicamente desrespeitado.

      • Cecílio disse:

        Ah, e todo mundo sabe que “dar a preferência ao pedestre que já iniciou a travessia”, no CTB, é sinônimo de “favor não atropelar”. ehehe Se aplica para que o pedestre não fique preso entre carros, o que não acontece nesses exemplos que tu passou.

      • Cecílio disse:

        Eu não disse? Nem com explicação detalhada o povo entende…
        Então faz assim: começa a cruzar a Goethe pela Mostardeiro, no lado do Parcão. Quando o sinal abrir para os carros e tu estiver no meio da travessia, tendo que ficar no canteiro central, tu vai poder atravessar? Lembrando que se tu olhar para trás vai ver o semáforo aberto para os carros. O quão seguro é uma travessia de uma avenida de 60Km/h e três faixas? Põe isso na prática. Não é meio óbvio que essa faixa é ligada à mesma sinaleira? “Exceto nos locais com sinalização semafórica” não diz onde a sinaleira vai ficar EXATAMENTE. E mesmo assim, olhando para trás, há uma sinaleira na mesma linha, para a mesma avenida. Como eu disse, não tem o sinal de pedestre desse lado por economia, assim como muitos outros que faltam em PoA.

      • Marcelo disse:

        Atravessar nessa faixa de pedestres é praticamente impossível, pois quando ela fecha na Goethe e abre para os carros da Mostardeiro, os mesmos convertem em alta velocidade e ainda buzinam se tiver pedestre atravessando ali. E pior, o pedestre que atravessa do Parcão em direção à Quintino Bocaiuva tem que ficar olhando pra trás pra ver se algum dos carros que vem pela Mostardeiro vai converter na Goethe.

        Pra mim é óbvio que as pessoas vão ficar confusas.

        E como fica na Osvaldo Aranha, na faixa de segurança que há na frente da Araujo Viana? Pois ali também não há semáforo (só há algumas dezenas de metros), tem três faixas e os carros andam a mais de 60km/h. Por sinal não sei de nenhuma parte que diga no CTB que em vias com limite de 60km/h e com três faixas ou mais de largura a faixa de segurança não é válida.

        Não tem sinal de pedestre desse lado porque a EPTC (e as administrações municipais no último meio século) só se preocupam com o fluxo de veículos automotores. O fluxo e a segurança de pedestres vem em segundo lugar.

      • Cecílio disse:

        Marcelo, tu não está entendendo… os carros TEM que dar a vez na conversão, não é disso que estou falando. Falei de segurança para atravessar não relativo às atitudes, mas sim à questão prática de engenharia de trânsito. Não disse que a faixa de segurança não é válida, eu disse que ela é ligada ao semáforo anterior. Quer um belo exemplo? Pernambuco com Brasil, sinalização de pedestre (rara em PoA) ligada ao semáforo anterior – até me prestei a subir o vídeo para mostrar e encerrar o assunto: http://www.youtube.com/watch?v=Bb7gboq5ZPQ&feature=youtu.be
        Para atravessar a Ramiro, entre a 24 de Outubro e a Mostardeiro, é a mesma coisa: faixa de segurança sem semáforo, mas sinalização de pedestre ligada ao semáforo anterior da Ramiro. Engraçado é que na própria sinaleira da Ramiro não tem sinalização para pedestres, mesmo com o fluxo alto. A mãozinha vermelha piscando faz falta.

      • Marcelo disse:

        Assim como os carros TEM que dar a vez nas faixas de segurança não semaforizadas.

      • Cecílio disse:

        O que não é o caso das faixas de segurança imediatamente após um cruzamento, que são ligadas à sinaleira anterior – caso bem diferente da faixa que tu citou do Araújo Vianna que NÃO é em cruzamento. 🙂

    • Cecílio disse:

      O sincronismo é feito a 60Km/h sim. Só tem que considerar que são 60Km/h calculados no caderninho e provavelmente não consideram o tempo de aceleração e que os velocímetros sempre apontam para baixo. Se eu ponho 65 no velocímetro (60Km/h reais no GPS e ando desviando do pessoal que não entende que em cidade grande tem que andar) e pego alguns amarelos, mas quase nenhum vermelho.
      Sobre a faixa de retenção no cruzamento, o motorista deve parar antes apenas se tiver pedestres esperando. Caso não, ele pode avançar sobre a faixa para se posicionar melhor e ter visibilidade, tendo o pedestre que passar por trás do veículo.

      • Aldo M. disse:

        É isto mesmo, Cecílio. O sincronismo é muitas vezes feito para quem transita em velocidade máxima, o que é um absurdo. Ainda assim, muitos motoristas a ultrapassam e precisam parar na próxima esquina porque o sinal ainda não abriu, anulando o objetivo de maximizar o fluxo de carros pretendido pelos engenheiros de tráfego motorizado. Resultado: todos saem perdendo.

  21. Rafael disse:

    “(…) um festival de infrações: pedestre sendo desrespeitado na faixa de segurança, carros estacionados em frente à rampas de acesso de cadeirantes, excesso de velocidade, motoristas convertendo sem dar sinal de luz, carros furando o sinal vermelho, estacionando em fila dupla, tirando fino de ciclista, você escolhe. ”

    Não esquecer dos diversos atos irresponsáveis de pedestres e ciclistas também. O problema não é “carro”. O problema é “povo indisciplinado”. E “povo indisciplinado” vai fazer coisa errada dirigindo carro, pedalando ou andando a pé na rua.

    “(…)pessoas a pé só se tornam perigosos para um motorista se ele estiver conduzindo seu veículo de forma irresponsável e perigosa.”

    Ou se as pessoas a pé estiverem passeando pelas ruas de forma irresponsável. Atravessando fora da faixa (quando há uma perto). Atravessando antes do sinal de pedestre ficar verde porque acha que o carro ta longe, mas não vê que tem uma curva ali pertinho, de onde pode sair um carro de repente, que estará em pleno direito de seguir pelo sinal verde…. Não sei aí no RS, mas aqui em Brasília isso é visto aos montes. Não duvido que seja semelhante nos outros lugares.

    Como eu disse. O problema não é carro. O problema é gente indisciplinada que não sabe se comportar no trânsito, seja dirigindo, seja pedalando, seja andando a pé.

    Eu ando bastante nessas três modalidades, consigo respeitar as várias regrinhas de segurança e boa convivência. Por que os outros não conseguem? Falta educação e bom senso.

    Não devemos criar um conflito entre o bom ciclista e o mau motorista, ou o bom pedestre e o mau motorista. O que nós, bons motoristas, bons ciclistas e bons pedestres temos que fazer é tentar mostrar a importância de não ser como esses maus motoristas, maus ciclistas e maus pedestres.

    O dano causado por um mau motorista é sempre grande, e quase sempre maior para o lado do outro envolvido, simplesmente porque está num veículo grande, pesado e rápido. Mas isso não deve mascarar a realidade e nos impedir de perceber que responsabilidade é necessária e importantíssima de todos os lados.

    • Marcelo disse:

      Rafael,
      Eu discordo. Pedestres e ciclistas “indisciplinados” oferecem muito pouco risco uns aos outros. O grande risco surge quando inserimos o automóvel na equação. São automóveis que tiram 40 mil vidas por ano, não são bicicletas e nem pedestres.

      O problema é sim o carro e a cultura de colocá-lo num pedestal. Cultura de pressa e alta velocidade. Me diz uma coisa, por que os carros que são fabricados no Brasil alcançam 150, 200, 250km/h quando a velocidade máxima permitida em território nacional é 120km/h? Qual a lógica de se usar um veículo de mais de uma tonelada capaz de transportar 5 pessoas e mais carga para transportar uma pessoa e uma bolsa pequena? É completamente ineficiente e, pior, perigoso.

      Pra mim o grande problema do carro é que, a partir do momento em que há um circulando, todas as pessoas ao seu redor estão correndo um grave risco que não existia antes. Para que uma pessoa ande de automóvel, dezenas de pessoas são oprimidas, tem que alterar seu comportamento, mudar o seu trajeto, sob o risco de serem privadas de suas vidas.

      Eu sonho com uma cidade sem carros, onde as ruas são transformadas em áreas verdes por onde as pessoas podem caminhar e pedalar sem preocupação, onde as crianças podem jogar bola, onde os idosos podem caminhar na velocidade que a sua idade permite, onde o trânsito de transporte coletivo (ônibus, VLT, etc.) se restringe às vias arteriais, uma cidade onde o pedestre, as pessoas, não têm que se submeter a uma disciplina da qual não podem descuidar sob o risco de serem mortos. Eu sonho com uma cidade das pessoas, e não dos automóveis, como é hoje em dia.

      Sonho e luto para isso.

      • Rafael disse:

        “Eu discordo. Pedestres e ciclistas “indisciplinados” oferecem muito pouco risco uns aos outros. O grande risco surge quando inserimos o automóvel na equação. ”

        É o que eu disse no final da minha mensagem. O efeito do envolvimento de um carro é maior porque ele é maior, mais pesado e mais rápido. Isso não pode ser usado para atribuir a eles a culpa por tudo.

        Quando eu pedalo, eu uso roupas claras, tenho luz traseira e dianteira visíveis, tenho refletivos na bicicleta, não ando na contra-mão, sinalizo cada manobra, respeito faixas e sinais de trânsito.

        Quando eu ando a pé eu não fico nas beiradas da rua, não atravesso correndo no meio dos carros, não piso na rua se o sinal estiver fechado para mim, olho para os dois lados, mesmo em vias de mão única, para ter certeza de que não tem nenhum ciclista na contra-mão pra passar por cima de mim de surpresa.

        Quando eu dirijo um carro, eu não ando acima da velocidade máxima permitida, só ando a esta velocidade quando as condições são completamente favoráveis, não fico perto do carro da frente (sempre aparece um engraçado para achar que tem muita folga e entrar no meio), paro no sinal amarelo, sinalizo TODAS as mudanças de faixa, curvas etc. respeito a distância segura quando há um ciclista.

        NUNCA me envolvi em nenhum acidente. Seja de bicicleta, seja a pé, seja dirigindo um carro. Nem mesmo quando estive perto de imprudências de ciclista, motorista ou pedestre, houve acidente. Por que? Porque nessas situações, eu estava dirigindo, caminhando ou pedalando com o cuidado que eu descrevi acima.

        Não acredito que você nunca tenha visto um ciclista à noite correndo, apagado, na contra-mão. Isso é perigoso, é muito fácil não ver e esbarrar em um assim, ou ele num pedestre. Aqui é o que mais tem. Alguns fazem por imprudência e irresponsabilidade, sim, mas acredito que a maioria o faça por desinformação… A mesma desinformação que nos permitia andar de carro antigamente sem cinto e achar que tudo estava normal.

        Voltando à parte do seu sonho, que é outro ponto interessante aqui, eu concordo que seria perfeito. Do jeito que está, estamos caminhando para um mundo que não se sustentará por muito tempo. As cidades já estão parando. Não existe solução eficiente de mobilidade para os grandes centros urbanos que estamos criando que não seja o transporte coletivo. O problema é que não se investe nisso. Não se percebe isso.

        Eu abro mão do carro quando não é essencial, mas muita gente não tem essa opção. Aqui em Brasília isso é MUITO notável. O que se considera ineficiente de ônibus em outras cidades é muito acima do que temos aqui. Metrô é uma reta que liga o centro a UM extremo da cidade. Nada é integrado.

        Veja Londres, por exemplo. Conhece sistema de metrô, ônibus e trens deles? É impecável. Eu viveria feliz sem carro por lá. Talvez eu compraria um para algumas eventualidades, mas não para suprir necessidades como é para mim aqui, e para a maioria das pessoas.

        É isso. Concordo e admiro a essência da sua preocupação com o bem estar da sociedade nesse aspecto. Compartilho das mesmas idéias. Apenas não seja tão radical e perceba que muitos (e quando eu digo muitos são MUITOS MESMO) acidentes são causados por indisciplina de pedestres e ciclistas também.

        Quando eu digo isso eu não quero defender motoristas. Eu quero destacar a importância de se ter cuidado e respeito seja o que você for na rua. Você falou de mimo aos maus motoristas, mas não queira exigir que o mimo seja invertido, forçando que o cuidado dos motoristas seja sempre suficiente para prevalecer sobre a imprudência das outras classes. Às vezes será (comigo sempre foi) e às vezes não tem como ser, infelizmente.

        Pense nisso com cuidado. Boas intenções você tem. Transmita a essência dessas intenções para os outros, mas cuidado com as impressões muito extremas, tanto para um lado quanto para o outro.

        Um abraço, sucesso e boa tarde.

        Rafael

  22. Eu fico muito feliz sabendo que na nossa sociedade restam jovens como o Marcelo com pensamento claro e limpo e que de forma lúcida conseguem descobrir as trapalhadas dos grupos econômicos e seus sequazes. Parabéns Marcelo pelo post que alem de inteligente traz a tona e faz se manifestar pessoas que nem sabem do que estão falando. Isto é bom, porque nos demonstra como pode ser obtuso o pensamento quando condicionado, dentro de um submundo de “..eu sou o que eu tenho”; que pensamento triste e vazio !!! e uma pena que em pleno século XXI ainda existam pessoas que falem e pensem desta forma.
    As pessoas que falam assim são as que não se vacinam, porque precisam primeiro estar doentes, para depois reclamar ou ainda são as que nem estudam, porque não podem opinar ao respeito do que não TIVERAM e quando em aula discutem todo sem nenhuma humildade e imaginando serem donas de todas as verdades.
    Por outro lado, eu adoro a industria da multa.
    Acho que a EPTC tem que multar muito mais, até que todos os riquinhos tenham que vender seus carros para pagar o IPVA; que muitos deles nem pagam, assim como as multas.
    Na última balada segura foram recolhidos 76 carros por falta de pagamento do IPVA que tal? todos riquinhos filinhos de papai e mamãe que transitam na cidade sem pagar os seus impostos obrigatórios, mas falando em alto e bom som de como são senhores do destino.
    A multa é a expressão do que os otários fazem, ultrapassando os limites de velocidade ou até contrariando as leis de trânsito.
    Não tenho prurido algum neste item, multa é para otário e otário, tem que se ferrar.
    Otário e sanguinário é o cara que fala ao respeito de leis, de pedestres, e até de atropelamentos e quando se encontra na frente de um, vira o rosto, porque não tem coragem de olhar para o que ele possivelmente um dia produzirá, com o seu carrinho andando a 60 em dia de chuva, por exemplo.
    Todo dentro da lei, mas fora dos padrões de civilidade ou até fora das circunstâncias do momento.
    Otário é o motorista que fala ao celular, dirigindo e quando é multado reclama.
    Otário e o cara que bebe e dirige, porque ele se acha diferente.
    Otário é o cara que bebe, dirige e se nega a fazer bafómetro porque não quer gerar provas contra si (porque sabe que é um criminoso).
    Otário é o cara que corre com o carro porque ele é muito seguro, porque custou caro e é do último tipo e quando atropela procura argumentos para se justificar.
    Conheço com meus anos avançados, todos os tipo de otários que a industria de automóveis produziu, eles se acham, até que se encontram numa situação em que passam o resto da vida se lamentando pelo que fizeram.
    Para todos entenderem, a cidade não é dos carros, a cidade é das pessoas, que são muito, mas muito mais importantes, que os carros. Carros são latas, carros não são nada. As pessoas tem prioridade sempre frente aos carros e este é o tema principal que não querem discutir,
    QUAL A CIDADE QUE NOS QUEREMOS, SIM, QUE TODOS NOS QUEREMOS?
    viva a multa!!! ela é o único elemento que ainda limita um pouco a criminalidade no trânsito.
    Saúde a todos e dirija pela vida com cuidado,Martinez

  23. Não tenho carro, deixei minha carteira de motorista vencer já há mais de um ano… Concordo que há muito foco nos automóveis e tal… No entanto, penso que há responsabilidade da engenharia de trânsito na questão das mortes.

    Um ponto chave, claro, é o comportamento dos motoristas e dos pedestres. Ambos cometem erros graves e, infelizmente, os pedestres pagam mais caro – algo como no caso dos motociclistas e ciclistas.

    Os motoristas de automóveis, em todo caso, não merecem morrer mesmo quando cometem erros graves. Nesse sentido, um motorista que desrespeita o limite urbano de velocidade em determinado trecho não merece morrer por bater num poste ou árvore. E não se precisa ultrapassar o limite ou cometer um erro grave. A falha de outro motorista pode levar um motorista a atingir um poste e morrer, mesmo a uma velocidade relativamente baixa. Então, o título da reportagem não me parece justificar o texto, que se justifica por outras razões.

    No entanto, uma outra falha grave do texto é a falácia da ladeira escorregadia, quando diz que daqui a pouco a EPTC vai dizer para não se sair a pé. A questão do foco excessivo nos automóveis (que é o que justifica o texto) é desmerecida pela retórica falaciosa do autor.

  24. Aldo M. disse:

    Resumidamente, a questão é quem provoca o risco de acidente: o motorista ou o pedestre?
    Aqui no Brasil, a resposta pode variar conforme a situação. Em países desenvolvidos, há uma tendência de considerar-se SEMPRE que o risco é provocado pelo motorista. A nossa lei de trânsito até permite que se interprete assim, mas não de forma direta e contundente como, por exemplo, no avançado Código de Rua Belga:

    Regras de utilização da via pública
    1 “o condutor de um veículo automóvel não pode pôr em perigo os utentes mais vulneráveis”;
    2 “os condutores devem ajustar a sua velocidade à presença de outros utilizadores, em particular os mais vulneráveis”;
    3 “os condutores devem redobrar a prudência em presença de crianças, pessoas idosas ou pessoas com mobilidade condicionada”;
    4 “o condutor de um veículo automóvel ou de um motociclo não pode pôr em perigo um ciclista”.
    Fonte: “Código da Rua” Belga (2004)

    • Cecílio disse:

      Ou seja, os princípios de direção defensiva estão no próprio código. Aqui é conteúdo obrigatório na auto-escola, enforçado por lei e desrespeitado da mesma forma.

      • Aldo M. disse:

        Gostaria de entender melhor a nossa lei de trânsito.Será que ela garante direitos aos mais vulneráveis semelhantes aos deste “Código de Rua” Belga? Na prática, certamente não, pois dificilmente os motoristas têm sido condenados por atropelar pedestres ou ciclistas. Penso então que a lei deveria ficar mais rigorosa para o motorista, deixando explícitas as suas obrigações perante os mais vulneráveis, da mesma forma que neste código belga.

  25. Pablo disse:

    Caraca! Tem um outro Pablo aqui! Putz!

  26. Pablo disse:

    Acho que o ponto principal ainda está faltando na discussão: A diversificação do transporte. Não tem como ter só carro, nem só bicicleta, nem só ônibus. Engarrafamentos são causados porque todas as pessoas são obrigadas a andar de carro pois de bicicleta é perigoso e o ônibus é péssimo.
    “Notícias” assim só demonstram como nós estamos sendo obrigados a andar de carro, tentam impor que pedestres ou ciclistas não estão se locomovendo, estão servindo de armadilha aos que estão se locomovendo (carros), o que é um absurdo!

  27. andre gomide disse:

    Eu estava com saudade de discussões acaloradas…rsrsrrsrsrs

    Para Tiago B:
    Vc disse que nunca tinha visto ciclista que respeitasse o sinal, muito prazer, André Gomide. Eu respeito sinal, aliás não sou o único, tenho vários amigos ciclistas que respeitam.

    Existe um elemento extremamente perigoso hj em dia no trânsito… PESSOAS.

    Incrível com existem “pessoas” que imaginam que só pq discutimos uma cidade melhor para TODOS somos pobres e não temos carros. Aliás, poderia apresentar alguns amigos meus que pedalam diariamente e possuem bicicletas que custam mais de 10 mil reais. a minha é pobrinha, custa apenas 1000 reais. Nem me dei o trabalho de copiar o nome.

    O problema de tudo chama-se educação… em todos os níveis.
    Hj me dirigindo aqui para a ZN, na sertório, identifiquei um automóvel de auto escola na minha esquerda pelo meu retrovisor. Ele me ultrapassou duas vezes, com um futuro condutor dentro, sem sinalizar e muito menos o famoso 1,5m de distância.
    Na terceira vez que emparelhamos, fiz sinal para que sinalizasse com o pisca e mantivesse a distância.
    A resposta do mesmo foi me mandar tomar “sagu” e sentar num “pirulito”.
    Pergunto para vcs, o que esperar do futuro condutor que estava sentado ao lado do instrutor da auto escola HUMAITÁ??????????
    Na próxima vez ele vai achar que aquela atitude é a correta. VOU DAR UMA PASSADINHA NESTA AUTO ESCOLA AMANHÃ PELA MANHÃ

    Pelo amor de Deus, para aqueles que crêem nele, mais EDUCAÇÃO neste país.

    Àqueles que não me conhecem sou pedestre, ciclista, motorista cat “B”, e pretendo fazer a cat “D” próximo mês, portanto, tenho uma visão um pouco abrangente sobre modais.
    Ps.: Tb ando de ônibus.

    • Cecílio disse:

      Com a carteira D tu vai poder passar com o caminhão cheio de pirulito por cima desse cidadão. ehehe Eu achava que os motoristas novos estavam já saindo certos, aprendendo a respeitar os outros, mas tá aí um ótimo exemplo negativo…

  28. BARBARA disse:

    Gostei muito da maior parte do texto. Concordo que os carros e os motoristas na maioria das vezes são uma ameaça aos pedestres. Há falta de fiscalização, a forma como grande parte dos motociclistas andam na cidade é vergonhosa e não há qualquer tipo de fiscalização quanto a isso. Existe falta de planejamento urbano, faixa colocadas em locais completamente inadequados. Na única questão que discordo é que os pedestres também precisam aprender a respeitar algumas leis como: utilizar as faixas de segurança e atravessar quando o sinal está verde para o pedestre. Se os carros não podem avançar o sinal vermelho porque os pedestres poderiam?

    • Aldo M. disse:

      Há dois conceitos aqui, Bárbara. Uma coisa é o pedestre ter que obedecer às regras de trânsito. Todos aqui concordam com isto, eu acredito. Outra, é o que acontece se ele não obedecer e avançar o sinal, por exemplo. Bem, no máximo, ele poderia ser multado, caso as prefeituras regulamentem esta situação, mas jamais será motivo para ele ser atropelado “com razão” como alguns retrógrados querem nos fazer crer. Acho importante que isto fique bem claro. Senão, a carteira de motorista seria uma permissão para matar que autorizaria os motoristas a fazerem “justiça” com o próprio carro.

    • Marcelo disse:

      Eu posso te dar a justificativa pela qual eu não respeito sempre o semáforo para pedestres: porque o modo como eles são concebidos é para dar preferência ao fluxo de automóveis. Te dou dois exemplos aqui perto de casa que são absurdos, os dois na Osvaldo Aranha: um no entroncamento com a venâncio aires, onde o pedestre que quer cruzar a Osvaldo Aranha têm que andar em zigue-zague e aguardar TRÊS semáforos e em frente à José Bonifácio onde mais uma vez há três semáforos não sincronizados (na verdade eles são sincronizados para um fechar quando o outro abre, de forma que tu nunca consegue atravessar a rua de uma vez só).

      Isso sem contar a temporização: os automóveis têm muitas vezes mais de um minuto para passar por um semáforo, enquanto os pedestres tem geralmente em torno de 20 segundos. Já vi um senhor de idade com dificuldade de locomoção tentando atravessar a Independência. Ele começou a atravessar quando o sinal ficou verde pra ele, mas não tinha terminado quando o sinal abriu para os carros. É por isso que morrem tantos idosos no nosso trânsito, os planejadores não pensam neles.

      Quando eu dirijo, faço questão de parar em todo semáforo, mesmo que seja de noite e não tenha ninguém na volta pois sei o perigo que o carro representa pra outras pessoas. Mas quando estou a pé sei que sou responsável apenas pela minha vida e zelo por ela, mas se não estou colocando a vida de outros em risco, não vou ficar obedecendo regras que não foram feitas pensando no pedestre.

      • Aldo M. disse:

        Marcelo, os engenheiros de trânsito sabem perfeitamente que, se não for providenciada travessia para pedestres em uma única etapa e com atraso médio de 30 segundos (no máximo), invariavelmente as pessoas não irão obedecer à sinalização. Os responsáveis por essas travessias esdrúxulas (engenheiros ou não), a meu ver, devem ser denunciados e punidos com rigor.

      • Pedro Sousa disse:

        Outro exemplo é a esquina da Ramiro Barcellos com a 24 de Outubro.

        Antes tinha uma faixa de segurança logo depois da curva, então quem vinha da 24 dobrava e alguns metros depois (não) parava na faixa, onde os pedestres atravessavam.

        Agora foi colocada uma grade nas esquinas que impede a travessia direta de um lado a outro da Ramiro. Além disso, foi pintada uma faixa de segurança entre a calçada da Ramiro com a Independência e uma “ilha” localizada entre Ramiro, 24 de Outubro e praça Júlio de Castilhos. Para os carros continua tudo igual, mas agora os pedestres NÃO ATRAPALHAM (!) o fluxo de automóveis.

        O problema é que a primeira faixa de segurança que descrevi fica uns 30 metros ou mais depois do semáforo da Ramiro Barcellos, e como os motoristas têm o costume de acelerar quando o semáforo fica amarelo, sempre sobra uns 8 carros que ficam abarrotados em cima da faixa, depois que o semáforo da 24 de Outubro já está verde para os autos, impedindo a travessia dos pedestres.

        Achou confuso? Tente atravessar essa esquina as 18h30min num dia de chuva!

        Uma vez fiquei quase 10 minutos ali, e tive que aguardar o semáforo abrir 3 vezes pra conseguir atravessar.

        Era ruim antes da “obra”, e depois ficou pior…

  29. Márcio disse:

    Como sempre muito exagero, pode se falar das pessoas, mas não só dos motoristas. A questão é que o BRASILEIRO não sabe respeitar regras, seja ele pedestre, cilista ou motorista. As pessoas são mal educadas NUNCA leram o CTB. Veja bem, não sou a favor do carro, mas outros componentes do trânsito também precisam estudar. Sobre o jornal, cita mais de dez mídias idôneas no RS? Se até essa postagem tem como fundo divulgar o movimento massa crítica o que sobra para a ZH? De quem é o problema, mais uma vez, o problema é o brasileiro ele que compra a ZH!

    • Marcelo disse:

      Mais uma vez Márcio, a diferença entre o pedestre, o ciclista e o motorista que não respeitam as regras é o potencial para causar destruição. Um pedestre que não respeita as regras possui um potencial para causar destruição muito menor que o de um motorista. Por isso condutores de automóveis devem ser fiscalizados e punidos com uma maior rigidez.

  30. gerson disse:

    Parabéns pelo post Marcelo. Os editores do jornal ZH são os piores que conheço. Dizer que postes e pedestres são armadilhas para os veículos é de uma imbecilidade sem limites. Ao contrário do que pensam e falam, se não fosse aquele poste o veículo, na foto, teria invadido a pista contrária e provavelmente a tragédia teria sido bem maior. Já atendi diversos acidentes envolvendo os mesmos e é sempre a mesma história: “Quando não há árvores e postes, os veículos atingem velocidades maiores e carros, caminhões, ônibus… …invadem casas, lojas, paradas de ônibus, causando tragédias bem maiores. Entretanto não vamos endeusar os pedestres, porque eles têm uma parcela de responsabilidade ao transitar em via pública. Existe jurisprudência no caso de uma mulher que teve de indenizar danos em automóvel após a mesma ter literalmente atropelado o veículo ao atravessar a via em lugar errado. Além de que também já vi muita gente se suicidando ao se atirar na frente de carros, e cito por exemplo, os casos do homem que se atirou de cima de viaduto Otavio Rocha embaixo do ônibus (morreu obviamente) e outro que se atirou de cima da passarela da rodoviária na frente de outro ônibus (morreu também). Sem falar de gente que entra no meio dos carros, pára no meio da rua e fica olhando para os veículos com cara de brabo, esperando que todo mundo pare, como se todo mundo tivesse que que dar dinheiro, beijos, carinho, cachaça, drogas e quem sabe mais o que querem, sob o risco de te causar dano, assaltarem ou sequestrarem. E não me diga que essa gente é vítima da sociedade. Chega disso. A vítima somos nós que temos nossos rendimentos saqueados para manter essa gente na cadeia, em hospícios, albergues, casas de passagem, hospitais e outros lugares específicos para o tratamento deles. A solução todo mundo conhece: “Educação para as crianças, cadeia para os marginais, hospitais para as vítimas, clínicas para os sequelados (física e mentalmente), avenidas e ruas em condições de trafegabilidade, ônibus para quem perde a carteira de motorista, e uma justiça que tem que melhorar, mas bota melhorar nisso. Antigamente havia uma propaganda do governo sob o chavão: “Não faça do seu carro uma arma, a vítima pode ser você!”, pois a mesma coisa vale para o pedestre: “Não faça do pedestre um semideus, a vitima pode ser ele mesmo!”. Abraço

    • Estranha e contraditória o que escreveste: “temos nossos rendimentos saqueados para manter essa gente na cadeia, em hospícios, albergues, casas de passagem, hospitais” com a tal solução que todo mundo conhece: “cadeia para os marginais, hospitais para as vítimas, clínicas para os sequelados”. Se você se considera um vítima por ter que pagar impostos para essas atividades, como pode sugerir como solução essas mesmas atividades?

    • Marcelo disse:

      É realmente, as vítimas somos nós que temos casas quentinhas, comida na mesa, educação, saúde e famílias estruturadas.

  31. “Não faça do pedestre um semideus, a vitima pode ser ele mesmo!”, não estou acreditando que alguem em pleno seculo XXI, com todas as mortes que estão acontecendo pense assim !!!, alguma coisa não deu certo na sociedade moderna e nos alunos desta sociedade e não é so no trânsito…. claro que este é o mesmo caminho das guerrras, invasões, odios raciais, regligiosos, políticos, etc. Triste tem gente que não quer ser feliz. Venha pedalar que a oxigenação ajuda a pensar mais claro. Saúde a todos e abraços fraternos. Martinez

    • Marcelo disse:

      O único semideus que conheço no nosso trânsito é o automóvel. Não pode nem tirar 30cm dele senão o Fortunati não se reelege! Deusolivre!

  32. Pablo disse:

    Pessoal, vejam essas propagandas e percebam a total mistura que fazem:

    Agora vamos pensar, um cachorro “consome” a menina? A menina “consome” o cara que estava caminhando? O cara consome o carro? agora sim! e o carro consome um posto de gasolina? “Sonho de consumo”?

    Aqui tem um outro:

  33. Lucas disse:

    “pedestres na via” o subtitulo fala e não na calçada. Pela falta de acostamento e falta da área de escape (em caso de emergencias) esses trechos são os que mais matam no RS. Concordo que os postes não saem do lugar e pedestres NAS CALÇADAS não são problemas, mas pedestres na via são um perigo sim – até pq adoram atravessar a rua fora da faixa – assim como postes na tangente de curvas. Acho que até pode haver a inversão de valores por um lado, mas pelo outro há uma supervalorização da interpretação de vcs. Acho que o texto de vcs tem vários argumentos corretos, mas se interpretar como os problemas dos 10 trechos que mais matam no estado, entendo que o jornal está correto alertar. Isso não isenta a culpa do motorista irresponsável, é claro.

  34. Eduardo disse:

    Completo absurdo que é dito aqui. Mas é lógico que pedestres e postes nas vias são um risco para qualquer um. Para os motoristas e para os próprios pedestres. Os trechos citados na reportagem são de extremamente perigosos, já tiraram muitas vidas. São trechos precários e com péssima sinalização. Agora tu vem aqui dizer que todas as pessoas que bateram seus carros e morreram naqueles mesmos locais é que são culpadas? Poxa, mas com tantos quilômetros de estradas no RS, todos decidiram se acidentar e morrer no mesmo local? Seria um suicídio automobilístico coletivo? Ou será que os trechos citados REALMENTE apresentam problemas? Agora só falta tu dizer que as pessoas morrem nas filas dos hospitais públicos porque não se cuidaram direito, ou que carros são roubados porque os motoristas saem com eles pra rua, deveriam ficar guardados na garagem não é mesmo? Ou melhor, na tua ótica nem deveriam existir carros, deveríamos todos andar em carroças…

    • Marcelo disse:

      Eduardo,
      Nós não estamos aqui questionando o relatório do DETRAN, mas a manchete da ZH que faz parecer com que postes e pedestres são um perigo por si só, o que não é verdade, eles só se tornam “perigosos” se houver um automóvel transitando em uma velocidade na qual ele não possa reagir a tempo para evitar qualquer tipo de incidente.

      Será que a solução é retirar os postes e pedestres dali? Ou será que a solução é reduzir o limite de velocidade e instalar dispositivos que controlem a velocidade, fiscalizar e punir os motoristas que não respeitarem a sinalização?

      Num outro post neste blog ( https://vadebici.wordpress.com/2012/07/31/sobre-postes-arvores-e-seguranca-no-transito/ ) postei um trecho de um livro de um especialista em mobilidade que afirma que ao remover obstáculos, os motoristas sentem-se seguros para andar ainda mais rápido e o índice de acidentes aumenta ao invés de diminuir, como seria o esperado. Dá uma conferida.

      • Eduardo disse:

        É preciso aprender o conceito de autoestrada, como em qualquer país do mundo, na Argentina, no Uruguai, em qualquer lugar do mundo existem autoestradas…menos aqui! Por falta de investimento no trânsito! Por desconsideração aos motoristas, que, são sim, os maiores prejudicados. Autoestrada é uma via de alta velocidade (normalmente ilimitada), sem cruzamentos, sem semáforos, sem postes, e sem pedestres é lógico. Com passagens de nível e elevadas. Porto Alegre é a única cidade do País inteiro onde a velocidade máxima é 60km/h. E é uma das que mais mata no trânsito, é incrível isso. Por que nosso conceito é totalmente equivocado. O pedestre não ter preferência em relação a veículos automotores. Não existe congestionamento de pedestres, pessoas levam desvantagem na colisão com um veículo… Me desculpa, mas essa ideia de trânsito está errada, e a cidade de Porto Alegre continua sendo uma pequena província…

      • Marcelo disse:

        Eduardo, estamos falando de duas coisas diferentes.

        Auto-estrada é uma coisa, as rodovias que nós temos são outra. Rodovias que passam próximo de centros urbanos não podem ter velocidade elevada, pois as chances de atropelamento são maiores. Temos que separar as coisas, uma coisa é planejamento rodoviário em zonas rurais e outra completamente diferente é planejamento urbano.

        Talvez seja preciso investir em auto-estradas, mas acho que primeiro deve-se investir em transporte ferroviário de passageiros.

        Estás equivocado quando dizes que não há congestionamento de pedestres. Em algumas ruas aqui do centro as calçadas são tão estreitas e o movimento tão grande que os pedestres andam pelo meio da rua, um exemplo clássico: Rua Dr. Flores, ainda mais em épocas de comércio intenso.

        Estás errado quando dizes que Porto Alegre é a única cidade do país inteiro onde a velocidade máxima é 60km/h. A lei que regula as velocidades é o CTB (Código de Trânsito Brasileiro) que estipula como 60km/h a velocidade máxima permitida em centros urbanos. A única exceção são as vias expressas, sem cruzamentos, travessias de pedestre e semáforos, onde a velocidade máxima pode ser 80km/h. Mas são poucas as cidades do Brasil que possuem vias expressas.

        Existe uma tendência mundial em reduzir a velocidade nos centros urbanos e “humanizar” o trânsito. Pesquise sobre Traffic Calming, e veja as iniciativas que cidades da Europa estão tomando para desestimular o uso do automóvel e tornar o trânsito mais seguro para pedestres e ciclistas.

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